Caro colega de sindicatura, alguma vez você se sentiu um passo atrás, correndo desesperadamente para atender às exigências da massa condominial? Falo daquela sensação onde as demandas parecem, por vezes, distantes dos seus esforços, planejamento e ações. Faltas ou deficiências apontadas por uma voz que se vale de uma autoridade outorgada por uma parcela dos condôminos, muitos dos quais carecem da habilidade de persuasão e de comunicação dessa pessoa para suprir a deficiência dos “outorgantes” de se expressar ou se indispor com os demais condôminos. Cuidado colega, você pode estar sendo vítima de um condômino narcisista.
Usando de artifícios como o fenômeno do “chifre em cabeça de cavalo” o condômino narcisista identifica fragilidades na gestão que nutrem a sua imagem de fiel defensor e representante dos condôminos sem voz. Onde as demandas constantes criam um ciclo tóxico, permitindo que a influência do condômino narcisista cresça à medida que vulnerabilidades da sindicatura são exploradas. Caro colega, vamos considerar a perspectiva de que nós síndicos podemos nos tornar vítimas nesse cenário, onde a busca excessiva por atenção e controle por parte do condômino narcisista pode minar a nossa autoridade de síndico, comprometendo a eficiência na gestão condominial. A constante necessidade de validação desse condômino pode resultar em interferências desnecessárias nas nossas ações e decisões, prejudicando o bom funcionamento do ambiente condominial.
O comportamento narcisista, caracterizado pela incessante busca por elogios e admiração, frequentemente desconsiderando opiniões alheias, contribui para um ambiente conflituoso no condomínio, minando a autoridade dos síndicos e gerando constante insatisfação. O condômino narcisista habilmente manipula o síndico para atender a seus interesses, distorcendo informações e amplificando erros para enfraquecer a liderança. A estratégia inclui a criação de inimigos comuns, unindo a coletividade contra figuras como o síndico ou outros condôminos. Comum em ex-síndicos que se tornam conselheiros, essa transição visa influenciar decisões nos bastidores, preservando a imagem de líder indispensável e manipulando a percepção coletiva.
E se você colega, condômino, funcionário ou prestador de serviço ainda estão na dúvida se são vítimas de um condômino narcisista e precisam de um diagnóstico, saibam que a constante rotatividade de membros na sindicatura, marcada por inúmeras renúncias e destituição, somadas a insatisfação da massa condominial, podem indicar a presença de um condômino narcisista. Sua tendência em impor ideias e buscar constantes mudanças contribui para a instabilidade e insatisfação constante percebida. Só o que não é percebido é que essa insatisfação é artificialmente alimentada por ele.
Por fim, não deixarei de recomendar um antídoto para esse problema, caso você colega se identifique com essa situação. Acontece que, para todo e qualquer narcisista, o melhor antídoto é impor limites e criar barreiras. No caso da sindicatura esses limites podem ser extremos, chegando até o seu próprio isolamento ou renúncia, pois podem acreditar que o condômino narcisista não se permitirá ser isolado nem confrontado. Tenha confiança no seu potencial, haverá sempre um condomínio carente das suas qualificações, onde você poderá atuar com tranquilidade.
Rogério de Freitas é graduado em Administração de Empresas, pós-graduado em Marketing e Gestão Empresarial e síndico profissional