Sim, você não leu errado nem mesmo houve algum equívoco no tema da matéria. O que queremos é provocar uma reflexão. Vejamos:
Todos nós temos noção da importância de nossa saúde em questões cardíacas e por isso é natural que estejamos atentos na busca por um especialista, no caso um cardiologista ou cirurgião cardiovascular. Cogitar que tal atividade seja realizada por um enfermeiro é algo inimaginável, não é mesmo?
Apesar do notável e indispensável papel do enfermeiro, ele não é habilitado para atuar como médico, muito menos como cirurgião! Sabedores dessa distinção entre competências e habilidades, e ainda, entendendo que os quadros e o cabeamento são o “coração” das instalações elétricas condominiais, não podemos aceitar que se designem a um eletricista as atividades de competência da engenharia.
O papel do eletricista é primordial para a “saúde” da manutenção de uma edificação, mas cada profissional tem sua área de atuação delimitada pela própria profissão e pelos conselhos correspondentes. Assim, imaginar que um profissional de nível técnico (muitos, nem formação técnica têm!) possa realizar atividades de nível superior, no caso engenharia, é no mínimo um ato de imperícia.
Agora, por exemplo, pensando na questão prática das atividades correlatas, eletricista não projeta! Quem projeta é engenheiro e existem muitas atividades técnicas operacionais que exigem qualificação específica, habilidades e muita, muita experiência! Falando ainda na analogia que usamos, o médico diagnostica, estabelece o tratamento e, por vezes, executa a cirurgia, já o enfermeiro dá segmento ao tratamento estabelecido pelo médico, até a alta médica - ambos fundamentais para a saúde do paciente, mas cada qual em seu papel.
Precisamos lembrar que o sistema elétrico é disparado o principal ponto de origem de incêndios em condomínios e, ainda, esse tipo de incêndio é oito vezes mais letal que os demais.
Instalação elétrica não faz barulho, não tem cheiro, boa parte dela não está no nosso campo de visão e costuma ser negligenciada nos condomínios, não havendo a manutenção preventiva regular (bienal para baixa e anual para alta tensão). Essas e outras caraterísticas do sistema aumentam os riscos de sinistros, muitas vezes maquiados por outras complicações, como é o caso da queima de placas de elevadores, bombas e outros equipamentos, sendo que a origem do problema, por vezes, é na parte elétrica.
Pensando em como o síndico pode se resguardar para que os serviços sejam executados de acordo com cada competência, aumentando a segurança na edificação, orientamos que a exigência do Documento de Responsabilidade Técnica emitido pela empresa ou profissional contratado (importante não aceitar ART de terceiros desvinculados ao CNPJ) é peça fundamental. Para engenheiros, o documento é ART (CREA). Já para técnicos - TRT, cada qual emitido por seu conselho profissional correspondente. Esse é um documento obrigatório que atesta a responsabilidade civil e criminal de quem elaborou estudos, executou projetos ou prestou serviços.
Diante de tudo isso, revisar a situação documental, a atualização das inspeções e manutenções certamente trará mais segurança para seu condomínio!
Néia Lehmkuhl é administradora; especialista pós-graduada em Gerenciamento de Projetos, Gestão da Segurança Contra Incêndio e Pânico, Gestão da Qualidade, Segurança no Trabalho; pós-graduanda em Engenharia da Manutenção; palestrante e gerente de projetos na Portal Sul Energia.