O assunto ainda é polêmico, até por se tratar de tema ainda muito novo e cheio de tecnologias que surgem dia após dia, fazendo com que cada variável possa impactar ainda mais o resultado efetivo em condomínios.
Criamos um “guia” para nortear os síndicos sobre pontos que necessitam de sua atenção, pois as questões mais específicas e as técnicas logicamente necessitam de estudos, realizados por empresa especializada e com know-how no tema em tela.
Vejamos então quais são os 7 passos relacionados aos carros elétricos:
1. Medição de carga: recomendamos que seja efetuada uma medição da carga efetivamente utilizada na edificação. Esse resultado é obtido por meio de equipamento que deve ser instalado por no mínimo 7 dias (o ideal são 15 dias), quando será registrado o comportamento de consumo atual;
2. Análise das instalações: instalações elétricas não são eternas e necessitam de manutenção, como qualquer outro sistema, que infelizmente costuma ser negligenciado em condomínios, o que causa depreciação, gastos excessivos com energia elétrica, danos a equipamentos, além de riscos às pessoas e à edificação. Assim, é fundamental a inspeção que vai avaliar se há necessidade de manutenção preventiva/corretiva ou reforma/retrofit. É importante entender a diferença entre reforma e retrofit: na reforma, os componentes depreciados/danificados são substituídos por componentes novos, mantendo a capacidade e configuração originais. No retrofit, essa substituição inclui também uma atualização (upgrade) das instalações, respeitando as normas atuais;
3. Normas CELESC: desde maio de 2023 está em vigor a N321-003 da CELESC que trata de instalações em edificações coletivas e nela os carros elétricos estão contemplados, fazendo com que o respeito a essa normativa seja indispensável;
4. Normas CBMSC: em Santa Catarina o Corpo de Bombeiros ainda não dispõe de normativa específica sobre o tema, porém o atendimento à IN 19, em vigor desde março de 2020 – que trata das instalações elétricas de baixa tensão, além de recomendações técnicas já em fase de aprovação/implantação em outros estados, servem de norteador para evitar problemas futuros. Dessa forma, é importante estar atualizado sobre tais questões;
5. Como atender: quando falamos em carros elétricos nos condomínios que não foram projetados com essa concepção, precisamos entender que qualquer instalação será uma adaptação. Por isso, é imprescindível um estudo bem elaborado, feito por profissional gabaritado, para que seja confeccionado projeto específico, que obtenha o melhor resultado possível, ao menor custo possível, sem abrir mão da segurança;
6. Questões jurídicas: salvo nos casos em que a convenção condominial estabeleça regras específicas, a recomendação é de que se trate o tema com quórum qualificado de 2/3, sempre observando que todo o rito assemblear precisa ser rigorosamente cumprido, desde o edital de convocação, lista de presença, representações (procurações), ata da assembleia etc., de forma que a aprovação do projeto elaborado não gere contestações futuras; após a provação do projeto, toda tramitação para a execução correspondente também deve seguir os ritos ordinários;
7. Seguro: recomenda-se que o corretor de seguros seja sempre prontamente comunicado sobre alterações que possam impactar nas coberturas contratadas, assim, a instalação de carregadores para carros eletrificados (elétricos ou híbridos) deve ser de pronto registrada, com especial atenção às coberturas correlacionadas, evitando assim qualquer tipo de negativa futura, em caso de sinistro.
Certamente esse tema ainda vai exigir muita atenção à atualização, já que por vezes as respostas encontradas podem parecer conflituosas no meio condominial. Assim sendo, a principal recomendação foi, é e sempre será: busque uma empresa de engenharia elétrica especializada, registrada no CREA, que tenha experiência no tema e que, assim, possa ofertar a melhor estratégia para cada caso.
Néia Lehmkuhl é administradora, pós-graduada em Gerenciamento de Projetos, em Gestão da Segurança Contra Incêndio e Pânico, em Gestão da Qualidade, em Segurança no Trabalho e gerente de projetos na Portal Sul Energia.