Os primeiros condomínios surgiram há aproximadamente duzentos anos. Porém, a popularização deste modo de moradia ocorreu nas últimas cinco décadas. Esse mesmo período – cinquenta anos -, é o de vida útil prevista para uma edificação. Logo, cada vez teremos mais condomínios atingindo essa idade.
É cada vez mais comum ver condomínios chegando ao colapso total ou parcial em períodos muito inferiores ao previsto em normas. Esse envelhecimento precoce é desencadeado pela baixa qualidade dos materiais de construção empregados, por problemas de projeto e execução e falta de manutenção.
Eventos recentes vêm potencializando essa preocupação entre síndicos e condôminos. Casos como o do Edifício Andrea, em Fortaleza (CE), que desabou por uma falha de tratamento de pilar, da sacada do edifício no Campeche, em Florianópolis (SC), ou o mais recente da piscina do Edifício Parador, em Vila Velha (ES), alertam para a necessidade de inspeção constante, independente da idade da edificação.
A presença de manifestações patológicas como fissuras, manchas, umidade e desplacamento de reboco ou de cobrimento de concreto, entre tantas outras aparentemente sem importância podem ser sinais de riscos graves e devem ser continuamente controladas e resolvidas. É preciso analisar causa, consequência e recorrência e indicar uma medida definitiva, evitando medidas paliativas que só resultarão em retrabalho ao síndico e riscos á edificação e aos moradores.
Cabe lembrar que não estamos falando de estética, mas sim de segurança. Alguém precisa responder tecnicamente em caso de incidente. Na falta de providências, o síndico acaba sendo muitas vezes responsabilizado.
Por exemplo, em um caso de desplacamento de concreto em um pilar com armadura aparente, de nada adianta rebocar e pintar. É preciso escorar estruturas que estejam vinculadas a esse pilar, tratar a armadura em processo de descamação, refazer o cobrimento e, aí sim, se preocupar com a estética. Tudo isso, claro, com orientação e responsabilidade técnica de um profissional capacitado de Engenharia Civil ou Arquitetura.
E é por isso que a inspeção deve começar, com atenção e responsabilidade, já na entrega da edificação. A vistoria para a constituição do condomínio é o ponto de largada para que se verifique qualquer irregularidade que o edifício possa vir a ter. E o que elas podem causar.
Mário Filippe de Souza, graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina. Diretor Executivo da Econd Engenharia para Condomínios.