O aprendizado para quem assume o cargo de síndico pela primeira vez

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Quando é que uma pessoa toma a decisão de tornar-se síndico?

Há quem se prepare por anos, mas é comum que a sindicatura entre na vida do profissional quando há vacância no posto durante uma assembleia. Vizinhos sugerem, às vezes já existe uma vontade, ou por livre e espontânea aclamação o novo síndico nasce.

Em 1998 fui morar pela primeira vez em um condomínio. Nem três meses de moradia vi no corredor o cartaz da assembleia com os dizeres ‘leve sua cadeira’. Eram quatro pessoas, a síndica, uma senhora de 70 anos, e mais três conselheiros. Ela afirmou que não queria mais ficar na gestão, os conselheiros também se recusaram e eles olharam para mim: ‘que tal o novato?’. Virei síndico do condomínio e de outros dois na mesma rua em oito meses. De 2006 para cá é minha única atividade.

Certamente outros profissionais que estão na gestão de condomínios já viveram algo igual ou parecido no início da carreira. Inclusive, devem ter cometido os mesmos erros que eu no início.

Achava que era possível padronizar tudo em todos os condomínios. São pessoas diferentes, condomínios diferentes, perfis de funcionários diferentes, tudo é diferente. Você consegue padronizar muitas coisas, mas menos da metade de tudo que o condomínio tem.

No entanto, logo no início da carreira entendi o que precisava ter para evoluir na profissão: empatia, conhecer um por um, vivenciar o condomínio, suas dores e expectativas. Isso toma tempo e demanda muita energia.

Se o prédio tem uma cultura ruim, a cultura tem que ser mudada ou ela muda você, esse é um dos maiores desafios. Então você arregaça as mangas e promove uma mudança positiva, ou você desiste. Outra situação importante é a formação do síndico. O cargo exige muito do profissional nas mais diversas áreas de conhecimento.

Antigamente, um técnico em contabilidade que tivesse 10 anos de profissão poderia tirar a carteira de contador sem faculdade, hoje em dia já não pode mais. Um síndico tem que ser filósofo, farmacêutico, enfermeiro, bombeiro, equilibrista, malabarista, marido de aluguel, quebra-galho, além é claro de engenheiro, médico, economista, contador, advogado, psicólogo e, por que não, mágico. Penso que a vida no condomínio tem fases, e para cada fase da sua existência tem um perfil melhor para o síndico.

Outro ponto é que os condomínios são muito distintos, principalmente seus moradores. Já teve uma conselheira economista que pediu o meu score no Serasa. O pedido mais comum é a negativa judicial. Já teve quem me pediu uma ficha corrida. Então minha dica é: seja ficha limpa e encare qualquer disputa.

Edgar Francis, síndico profissional, associado e diretor administrativo da ASDESC

 

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