É cada vez menos comum encontrarmos alguém que torça o nariz quando falamos que o pão nosso de cada dia e sustento emergem do exercício profissional da função de síndico. Cada vez mais o estereótipo do aposentado, voluntário e disponível dá lugar a um perfil dinâmico e adjetivado por diversas habilidades. E ouso afirmar que este distanciamento, do perfil do síndico voluntário para o síndico especialista, está só começando. E que nos encontramos, considerando uma imaginária linha do tempo, no início da construção do perfil do síndico do futuro.
Se você, colega síndico e amigo leitor, acompanharam meu raciocínio até aqui, e concordam com as primeiras linhas, gostaria de chamar a atenção para o ponto onde se encontra o que costumamos chamar de síndico profissional. Sabemos que esse agente da gestão condominial atua amparado por uma escola de capacitação que também encontra-se em amplo desenvolvimento. Conforme se desenvolvem as regras, processos e boas práticas - e podemos falar que elas se aperfeiçoam de maneira exponencial-, os agentes da gestão condominial, os síndicos de alta performance acompanham e contribuem para essa evolução.
Essa colaboração natural é consequência de uma liberdade de ação que sempre contemplamos nessa caminhada, e que nos trouxe até aqui. Evoluímos por nos permitirem estar em evolução. Por não estarmos amarrados a um formato definido do exercício da função de síndico, ou de um perfil de quem exerce a função. O que me leva a questionar o desejo de regulamentar a função de síndico, se um dos critérios for definir o que deve ser um síndico profissional. Acho que se para isso usarmos o que entendemos hoje como síndico profissional para preencher esse critério, estaremos cometendo um erro crasso. Estaremos negligenciando o benefício da liberdade de evolução ao definirmos o perfil do síndico que enxergamos hoje como modelo a ser seguido.
Não estou interessado, e nem é meu objetivo, argumentar contra os benefícios que uma possível regulamentação da função de síndico possa trazer ao setor, como também principalmente aqueles que exercem essa função e contribuem para a evolução desse processo. Mas me provoca um enorme incômodo pensar que no final dessa história aquilo com que eu me esforço para contribuir com a evolução seja sacrificado por um pequeno descuido. Então, acho que talvez seja hora da regulamentação da profissão de síndico, porém não sei se é possível isso acontecer sem definirmos o que é ser um síndico profissional, e acho que ainda não estamos preparados para isso, pois estamos distantes do modelo de síndico definido como ideal.
Rogério de Freitas, graduado em Administração de Empresas, pós-graduado em Marketing e Gestão Empresarial, Síndico Profissional.