Caixas de sugestões, livros de reclamações e murais são meios de comunicação tradicionalmente utilizados em condomínios para o diálogo entre moradores e administração. Mas a ferramenta que mais ganha espaço atualmente é o e-mail. O contato virtual é tido pelos síndicos como um facilitador, por possibilitar a troca de informações com condôminos que estão em viagem ou não moram no prédio e pelo fato de as correspondências eletrônicas poderem ser acessadas tanto de dentro quanto de fora do condomínio. Por isso, é muito utilizada por gestores que estão durante o dia nos seus trabalhos, mas precisam estar atentos ao que ocorre nos edifícios que administram.
O condomínio Angra dos Reis, no Centro de Florianópolis, utiliza como canal de comunicação os murais nos dois elevadores e um livro de reclamações, que existe há 30 anos, desde que o prédio foi habitado. O síndico Bruno Nagel, que é engenheiro civil, afirma que o livro de ocorrências acabou sendo pouco utilizado quando fez um e-mail para tratar assuntos específicos do condomínio e passou para os moradores. Segundo Nagel, os condôminos usam mais o livro para pequenos problemas, que ele resolve pessoalmente ou encaminha uma resposta por correspondência. “Os assuntos mais urgentes, os moradores batem direto na minha porta ou enviam um e-mail. Para mim, é mais fácil utilizar o correio eletrônico, pois não sou apenas síndico, também tenho outro trabalho”, explica.
Nos condomínios mais novos, o e-mail é geralmente o meio de comunicação primordial. “É o elo entre a administração e os condôminos. O meu e-mail está liberado para sugestões e reclamações. E ainda uso para enviar recados e notificações aos moradores, além de fazer orçamentos com empresas e prestadores de serviços”, diz a síndica do condomínio Cores das Areias, Sandra Silva. Para Sandra, é uma forma de se comunicar principalmente com os proprietários que ainda não se instalaram no prédio, que ficou pronto este ano no bairro Areias, em São José.
O síndico do residencial Villa di Maranello, Rangel Corrêa Vargas, também fica à disposição dos moradores por meio do e-mail específico do condomínio. “Tenho listas de e-mail dos condôminos divididos por blocos. Assim posso enviar um recado especificamente para os que vivem em um dos prédios quando o assunto é exclusivo a esses. Caso contrário, encaminho para todos”, explica. Segundo Vargas, facilita a comunicação. “É mais rápido para resolver do que esperarem me encontrar em casa”, afirma. Ele não é adepto do grupo de e-mails, pois acredita que acaba gerando “muito lixo”. “As pessoas acabam querendo vender cachorro ou enviar mensagens de autoajuda e o meio perde sua credibilidade”, acredita.
De acordo com o gerente de Condomínios da Administradora Precisa, Marcelo Becker, criar vias de comunicação alternativas ao contato direto com o síndico é uma maneira de o síndico poder administrar o condomínio sem precisar estar 24 horas com o interfone à disposição dos moradores. “O contato por e-mail é mais comum nos condomínios mais novos, com proprietários jovens, que são mais familiarizados com a internet”, explica. Mas é importante manter caixas de sugestões e livros de ocorrências para oferecer acesso às pessoas mais velhas. Muitos idosos não têm a prática de lidar com informática.
Reunindo-se no condomínio on-line
Além do uso de e-mails na comunicação condominial, outro instrumento que está se popularizando na administração de prédios são os sites e blogs. É uma maneira de levar informações para os moradores, estando ou não dentro do edifício, onde podem acessar o regimento interno, convenção e baixar as atas das assembleias.
O site do residencial Plaza Viena, localizado no Centro da Capital, é um exemplo de página que explora bem o meio cibernético para oferecer diversos tipos de informações aos moradores. Tem dados sobre o patrimônio do prédio, notícias, fotos de eventos, espaço para achados e perdidos e contato para dúvidas, reclamações e elogios, sem contar os documentos referentes ao condomínio. Outra parte interessante, que ainda precisa ser alimentada no site é o Divulgue seu talento, para que os moradores possam informar suas habilidades e sanar necessidades de outros colegas do prédio. “Às vezes tem um dentista, um advogado ou um serralheiro no próprio condomínio e quem precisar pode buscar o serviço mais perto”, observa o presidente do Conselho Fiscal Ednei Corvalão, síndico da ultima gestão e idealizador da página.
Para Corvalão, os sites são instrumentos de comunicação indispensáveis para condomínios com mais de 40 apartamentos e são uma forma de informar para mostrar transparência da gestão. Ele não acha o custo oneroso e recomenda: “para fazer um bom site, o condomínio gasta em torno de R$ 1.500. Alimentar a página de informações é fácil e nós mesmos fazemos. Pagamos apenas R$ 350 de manutenção anual da hospedagem”, revela. Também é preciso comprar o domínio, que pode ser encontrado no registro.br. O “com.br” custa R$ 30 e deve ser renovado anualmente.
E ainda pode gerar economia com papel. No Residencial Plaza Viena eram gastos quase R$ 1.000 em papel e tinta para imprimir as atas para os 154 apartamentos. Agora os documentos ficam disponíveis no site. Uma forma mais barata de prestar informações pela internet aos moradores é criar um blog. Não tem tantos recursos quanto um site, mas é fácil de atualizar e pode ser feito por uma plataforma gratuita, como o Blogger (www.blogger.com). O mais interessante é a interação, pois permite que os visitantes deixem seus recados por meio de posts. As páginas aparecem de forma cronológica. Também é possível deixar restrito a apenas usuários específicos.
