Os condomínios abrigam as mais diversas etnias e classes sociais, mas alguns possuem um grupo específico de pessoas que fazem do apartamento mais do que uma moradia, mas a extensão da sala de aula.
No Vale do Itajaí, com seus complexos para estudantes, os condomínios dedicados quase que na sua integralidade para universitários já são uma realidade.
E como tem que ser a gestão em um condomínio universitário para estudantes?
Antes de mais nada, o mercado imobiliário está cada vez mais atento às necessidades desse público e as construtoras têm investido nesse perfil nos últimos anos, principalmente em áreas com universidades, já que por pelo menos quatro anos os jovens passam estudando.
Nesse sentido, Fabiane Horst, sócia de uma administradora de condomínios em Brusque, conta sobre o diferencial das estruturas.
“Temos observado um crescimento significativo na construção de studios voltados para o público universitário. Atualmente, administramos dois condomínios totalmente equipados para atender esse perfil, com a preocupação das construtoras em oferecer uma gama de opções de lazer, compensando o espaço limitado das unidades”, relata a administradora.
Essa tendência reflete a busca por soluções inovadoras por parte dos síndicos. Rodrigo Lüttke, síndico profissional em Blumenau, aponta que o gestor tem que estar antenado, numa linguagem jovem, para o perfil dos moradores de um condomínio com sua maioria de estudantes e inquilinos. Segundo ele, a comunicação precisa ser assertiva e franca, até na maioria das vezes o motivo do problema é sempre o mesmo.
“A principal dificuldade com essas pessoas é a comunicação. Diria que nós temos que adaptar a nossa comunicação a essa geração, a esse público, que tem de ser diferenciada. É importante trabalhar com informes e comunicados com uma linguagem adaptada a eles, até porque a principal reclamação que a gente recebe é sobre barulho nas unidades”, explica.
Outro profissional que atua na região do Vale do Itajaí, o síndico Cléber Pereira destaca sobre o comportamento dos estudantes: “Moradores geralmente jovens gostam de praticidade, usam as dependências do studio para estudar e descansar. Dessa forma, gostam de prezar pelo silêncio, pois ajuda na concentração”.
Cotidiano da gestão
Os condomínios com estudantes possuem também uma outra característica que os gestores ficam atentos, que é a questão dos excessos. Seja por motivo de música, festas, falar alto ou momentos indiscretos, o síndico precisa saber qual a hora correta de intervir.
Segundo Rodrigo Lüttke, quando é uma ação entre duas unidades a recomendação é de que as duas partes cheguem a um consenso, de forma amigável. Quando envolve mais unidades, aí é preciso tomar frente.
“Quando envolvem mais unidades, por exemplo, uma questão de um barulho de uma festa, nesse caso o síndico tem o dever e a obrigação de intervir e avalia se é caso de multa ou advertência. A recomendação também é que os moradores devem registrar as situações, seja com gravação de áudio ou vídeo. Toda a advertência ou multa precisa ser sempre bem fundamentada, porque não adianta, por experiência própria, depois o morador recorrer na defesa e não prova”.
Outra característica que o síndico Cléber Ferreira tem observado sobre o comportamento dos condomínios com estudantes é sobre os gostos, o que leva a ter atenção do gestor na questão de portaria e atendimento de terceiros.
“Pela praticidade, é comum consumirem muito fast food até pelo tempo de estudo e o cansaço natural. Além disso, não são raros os casos de reclamações por barulhos mais indiscretos”.
E a realidade para os profissionais da sindicatura é que os condomínios universitários, ou com alto número de estudantes, tende a crescer em Santa Catarina, até porque há programa do Governo do Estado com incentivo para que mais pessoas ingressem nas universidades e as unidades de Blumenau e Itajaí, por exemplo, estão dentro do projeto. A Univali, por exemplo, teve o ingresso de mais de 4.500 novos alunos por meio do programa Universidade Gratuita.
Semelhança com Aibnb
Os condomínios universitários, pela rotatividade diária até pela ida dos estudantes para as aulas, possuem semelhanças com os que são dedicados ao Aibnb, por exemplo. Inclusive, muitos dos studios funcionam com os dois públicos concomitantemente. Nesses casos, o síndico tem por via de regra a mesma dificuldade de controlar a questão do barulho dentro das unidades. O síndico Rodrigo Lüttke exemplifica uma dica que vale tanto para quem atua com studios, flats e moradias estudantis como locação temporária:
“Na questão do Airbnb sou particularmente favorável à utilização do aplicativo da plataforma, o que recomendo nos condomínios é normatizar regras para manter a segurança e o controle das unidades. Acaba sendo uma preocupação constante dos moradores o entra e sai de pessoas diferentes que acaba não tendo muito zelo com a área comum”.
Lüttke ainda sugere aos gestores que uma forma de manter o controle é evitar a advertência e penalizar direto: “Em alguns condomínios onde atuo colocamos a questão de multa direto, sem nem passar por advertência. Nesse caso de locação temporária quem vai sempre responder é o proprietário e responsável pela unidade”.
Plataforma exclusiva
Ainda não funciona em Santa Catarina, mas em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre os estudantes possuem a possibilidade de locar um apartamento todo mobilado em um prédio 100% dedicados aos estudantes. Além disso, os prédios contam com espaço coworking para estudar e trabalhar, salas de reuniões individuais e cozinha compartilhada.
Essa modalidade apresentada pela Uliving também garante a oportunidade de aumentar o networking e o relacionamento interpessoal por ter o espaço compartilhado por pessoas de diferentes lugares com o objetivo em comum de estudar.