O amadurecimento do setor condominial e o papel essencial do gestor

No Dia do Síndico, conheça os desafios e as relações que sustentam uma administração eficiente
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O papel do síndico vai muito além de administrar. Ele é o elo que conecta moradores, fornecedores e profissionais especializados.

A liderança e o papel fundamental do síndico dentro do universo condominial são pilares que solidificam a boa administração com valorização do patrimônio, segurança e que transformam o bem-estar daqueles que o definiram como representante: os condôminos.

O crescimento na área condominial é cada vez mais relevante para a economia, e cuidar desses espaços, que muitas vezes são minicidades, é uma tarefa que vem se transformando completamente nos últimos anos. Em Santa Catarina, 88,4% da população reside em domicílios em situação urbana de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Sônia Novaes, presidente da ASBALC, conta que o síndico deve identificar os problemas para atuar

Sônia Novaes, presidente da Associação dos Síndicos de Balneário Camboriú (ASBALC), acrescenta que o exercício da sindicatura é ao mesmo tempo uma atividade prazerosa e desafiante. Principalmente porque no dia a dia dos síndicos são frequentes as situações de conflito entre moradores, dificuldades financeiras, exigências legais a serem cumpridas, moradores antissociais, dentre outras.

Lidar com essas questões e responsabilidades inerentes às funções requer dos gestores habilidades pessoais como: resiliência, inteligência emocional, elevada habilidade de comunicação, negociação e, ainda, muito preparo, conhecimento. “Para vencer esses desafios e problemas, faz-se necessário identificar o motivo para resolvê-los. Causas não identificadas e eliminadas agravam e/ou geram mais problemas. É preciso atuar no fator gerador e não nos efeitos. Ferramentas como planejamento, regimentos, regulamentos, mecanismos de controle, tecnologia e inteligência são fundamentais para uma gestão efetiva”, afirma Sônia.

A síndica Eliana Eidelwein, que há seis anos atua no segmento, destaca que o gestor precisa ter conhecimento das suas responsabilidades descritas em lei e habilidades para resolver essas demandas.

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A síndica Eliane Eidelwein busca se qualificar para conseguir entregar o melhor trabalho aos condôminos

“O síndico, ao ser eleito, assume o papel de liderança e autoridade dentro do condomínio. Entendo que sua principal missão é zelar pela boa convivência entre os vizinhos, garantindo a longevidade da edificação, promovendo as manutenções e melhorias necessárias. É fundamental entendermos que além de ser lugar de moradia, estamos lidando com o patrimônio das pessoas, e que é justo que elas tenham esse olhar sobre a gestão do síndico”, destaca Eliana.

Além disso, a presidente da ASBALC reforça que a atuação de maneira colaborativa entre os síndicos não apenas facilita a gestão de problemas cotidianos, mas também cria um ambiente mais colaborativo, eficiente e representativo. A ASBALC tem engajamento e apoio dos síndicos da região na busca por melhores condições de trabalho, networking e unidade entre os profissionais: “Troca de experiências e boas práticas, apoio mútuo, redução de custos, fortalecimento dos profissionais e maior poder de atuação, são alguns aspectos que traduzem a importância da união”, pontua a presidente, que neste ano, junto dos demais síndicos, atuou de forma a ajudar a vetar um Projeto de Lei que implicava diretamente os síndicos sobre maus-tratos de animais em condomínios.

Uma profissão que exige seriedade e qualificação

Um condomínio edilício, de acordo com Gustavo Camacho, presidente da Associação de Síndicos de Santa Catarina (ASDESC), é constituído por três pilares fundamentais: o da engenharia, que constitui as estruturas físicas dos empreendimentos; o jurídico, uma vez que para tornar-se uma edificação divisível em frações ideais alienáveis individualmente é necessário um trâmite legal; e o pilar da gestão, que faz com que as estruturas físicas e jurídicas operem adequadamente e servindo o empreendimento ao propósito ao qual se destina.

Sendo assim, aceitar a responsabilidade de ser síndico é, antes de tudo, assumir o compromisso de cuidar do patrimônio coletivo e da convivência harmoniosa. A função exige conhecimentos em áreas como administração, legislação e até gestão de pessoas. Por isso, a capacitação se torna obrigatória, ainda mais com o crescimento exponencial do mercado imobiliário nacional.

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Presidente da ASDESC, Gustavo Camacho reforça que o mercado condominial não dá mais espaço para o amadorismo

“É fato que não há mais espaço para amadorismo. Ainda que o síndico seja orgânico deverá buscar capacitação. A complexidade dos empreendimentos que vêm sendo gestados pelas incorporadoras exige que os gestores sejam especialistas no que fazem, caso contrário não terão condições de atender às demandas e às expectativas do mercado”, destaca Camacho.

Quando o síndico assume seu papel com profissionalismo, a comunidade sente os benefícios. Desde a preservação das áreas comuns até a mediação de conflitos entre moradores, tudo depende da gestão eficiente e transparente de quem está à frente. E investir em qualificação e em uma rede de fornecedores confiáveis não é apenas uma obrigação, é um dever de quem escolhe trabalhar pelo bem-estar de todos.

“O síndico torna-se responsável civil e criminalmente ao ser eleito como representante do Condomínio, então se faz necessário sua qualificação para o exercício da função. O universo de possibilidades ampliou-se muito desde quando fiz o curso de qualificação para síndicos profissionais, trazendo esclarecimentos e segurança para o exercício da sindicatura”, destaca Eliana.

E mais do que isso, requer seriedade e compromisso, uma vez que decisões equivocadas ou desatenção a obrigações legais podem gerar prejuízos financeiros e até jurídicos para o condomínio. Dessa forma, não podemos dizer que o síndico é um mero cumpridor de leis e decisões assembleares. Para Camacho, não se trata apenas de cumprir os deveres do artigo 1348, incisos I a IX, do Código Civil, mas a função dos síndicos possui correlação direta com a geração de experiências positivas em todos aqueles que vivem cotidianamente nos condomínios edilícios.

“Há que se frisar que a vida e o cotidiano das pessoas acontecem nas cidades e, principalmente, nos condomínios edilícios, sejam eles com vocação residencial ou não. Não por acaso a palavra síndico possui sua etimologia no vocábulo syndiko, que significa o patrocinador do arquétipo da justiça no plano manifestado”, pontua o presidente da ASDESC.

Desafios

Cada condomínio tem uma situação diferenciada, e os desafios variam bastante, podendo ser desde a aplicação do Regimento Interno e Convenção até a contratação de mão de obra para reformas. Mas, para Eliana, o principal meio de driblar esses problemas é um estudo completo do caso, bastante diálogo com os condôminos, em especial os conselheiros, e busca de informações com profissionais qualificados e colegas. “A atividade do síndico, muitas vezes, é solitária no momento da tomada de decisão, então é preciso estar bem firme no caminho a seguir”, diz.

Ela conta que seu interesse pela sindicatura começou em casa, no seu próprio prédio. “Onde moro, havia muitas demandas relacionadas à adequação da edificação à legislação que havia mudado e uma necessidade urgente de que alguém tomasse a frente para executar uma série de reformas. Ao final do primeiro mandato, tive a oportunidade de fazer o curso de síndica profissional e vi sob uma nova perspectiva o exercício da sindicatura. Esse conhecimento que adquiri motivou-me a atender outros condomínios”, compartilha Eliane, que de moradora tornou-se síndica profissional das mais atuantes em cursos e especializações na área.

Representatividade e fortalecimento

Para Camacho, os síndicos possuem um papel político e social importante. Como atuam na gestão da menor célula da sociedade, realizam o microgerenciamento das cidades, sendo, portanto, atores políticos importantes no contexto do cenário urbano civilizado.

A representatividade da classe funcional está cada vez mais sedimentada por meio das associações, seja em âmbito municipal, estadual e até mesmo federal. As associações de síndicos possuem o escopo de representar a classe funcional junto ao legislativo e executivo, e a missão de viabilizar a realização de treinamentos visando ao aperfeiçoamento.

Entidades como a ASDESC e ASBALC em Santa Catarina estimulam a profissionalização de seus associados, por meio de cursos e palestras, além de disponibilizar assessoria, suporte e informações contínuas e de qualidade, assegurando que os síndicos estejam sempre preparados para superar qualquer adversidade e possam gerar resultados positivos para seus condomínios.

Prestação de serviço e gestão

O síndico é, de certa forma, o gestor de uma pequena empresa. Ele precisa planejar orçamentos, supervisionar manutenções, mediar conflitos e garantir que o condomínio esteja em conformidade com as legislações, como as normas da ABNT e as regulamentações locais.

Sendo assim, uma das tarefas mais desafiadoras para o administrador é contratar prestadores de serviço que atendam às demandas do condomínio com qualidade, eficiência e transparência. Já que essa escolha impacta diretamente a satisfação dos moradores e o bom funcionamento da estrutura condominial.

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Silmar Costa, coordenador do Núcleo de Condomínios da ACIF, acredita que o síndico quem transforma os condomínios

Silmar Costa, coordenador do Núcleo de Condomínios da ACIF, ponto de encontro para síndicos e empresas, ressalta a importância de os prestadores de serviço terem uma relação de confiança com o gestor. “O síndico é o verdadeiro motor das transformações dentro de um condomínio, capaz de melhorias significativas. Para isso, ele precisa contar com fornecedores não apenas competentes, mas realmente comprometidos, que compreendam as especificidades e urgências de cada empreendimento, entregando soluções ágeis e eficazes”, pontua.

De acordo com Costa, hoje o fornecedor depende quase que exclusivamente do síndico para acessar o condomínio e ter a oportunidade de levar a sua proposta para as assembleias. Sendo assim, é fundamental cultivar um bom relacionamento, onde o gestor e o fornecedor mantenham um diálogo aberto para alinhar expectativas e garantir que os serviços sejam prestados com qualidade e eficiência.

“O mercado condominial vem em constante movimento e o prestador de serviço precisa se atentar às novas legislações e estar sempre em busca de se qualificar por meio de eventos e palestras, e, encontrar frentes que proporcionem esse tipo de capacitação. O núcleo de condomínios da ACIF vem inovando muito nos últimos anos e conquistou um lugar de muita representatividade dentro do setor, com certeza é um ótimo lugar para prestadores de serviços que buscam por qualificação. Como prestador de serviço atuando de forma exclusiva com condomínios, posso dizer, com muita segurança, que o mercado está cada vez mais exigente e precisamos nos adaptar”, explica.

Boas práticas para garantir bons resultados na hora de contratar fornecedores

Busque referências confiáveis: antes de contratar qualquer prestador, investigue sua reputação. Peça recomendações a outros condomínios e pesquise avaliações on-line. Verificar o histórico da empresa ou profissional pode evitar surpresas desagradáveis.

Exija documentos e regularidade fiscal: certifique-se de que o prestador de serviços esteja devidamente registrado, com CNPJ ativo e livre de pendências fiscais. Contratos com empresas regulares oferecem maior segurança jurídica.

Solicite orçamentos detalhados: para garantir transparência, peça propostas que especifiquem materiais, prazos e valores. Isso facilita a comparação e ajuda a evitar gastos inesperados.

Acompanhe a execução do trabalho: a supervisão durante e após a prestação do serviço é fundamental. Um bom síndico não delega completamente a tarefa de fiscalização, garantindo que o trabalho seja entregue conforme combinado.

Valorize a comunicação: manter os condôminos informados sobre processos de contratação e execução de serviços é uma forma de engajá-los e de reforçar a confiança na gestão.

 

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