Estado tem se destacado por sua expertise e inovação na administração de condomínios
O mercado condominial tem acompanhado o crescimento do setor imobiliário, tanto que o número de condomínios em Santa Catarina teve um desenvolvimento bastante considerável: entre 2010 e 2022 houve um aumento de 47,5%, de acordo com pesquisa do IBGE. E como todo esse universo faz para se renovar, entregar o melhor trabalho e ser competitivo? Os síndicos hoje contam com um leque grande de cursos, palestras, formações, ferramentas tecnológicas, portais de notícias, jornais e publicações voltadas exclusivamente para o setor que auxiliam uma melhor preparação e um maior entendimento da profissão.
A profissionalização do síndico faz dele hoje uma peça fundamental no mercado condominial, até porque não se tem mais a figura que apenas recebe carta, olha se tem vazamento ou tenta aparar arestas entre vizinhos. A sindicatura exige conhecimento em administração e gestão, até porque há responsabilidades legais, já que o síndico possui deveres que imputam a ele possíveis ações na justiça.
Para ser um profissional que possa avançar junto com o crescimento imobiliário, atento às novidades que facilitam o dia a dia, como softwares, portarias eletrônicas, aplicativos de gestão e afins, o síndico em Santa Catarina conta com um suporte interessante para servir com cada vez mais excelência.
Administrador, síndico profissional e consultor na área de condomínios em Florianópolis, Rogério Freitas observa o aquecimento do mercado como uma grande oportunidade.
"Sim, o mercado de capacitação para o exercício da sindicatura está aquecido. No entanto, não é qualquer um que está gabaritado para formar síndicos de alta performance. Não basta ser um entusiasta da sindicatura ou um conhecedor de determinada área desse aprendizado se a intenção não for o desenvolvimento do bom exercício da função de síndico", exemplifica ele, que também ministra palestras na área.
O "boom" no mercado imobiliário exige um olhar aguçado também de quem vai contratar os síndicos. Para se ter uma ideia, pesquisa em 50 cidades brasileiras realizada pelo índice Fipezap+ mostra que desde janeiro os imóveis valorizaram mais de 3,41%, enquanto no mesmo período, só em SC, a valorização chegou a 14%. Na visão da profissional Letícia Duarte, síndica em Balneário Camboriú, instrutora de cursos de formação de síndicos e idealizadora do canal Síndicos de Coragem no Instagram, o momento é de oportunidade.
"O mercado imobiliário está bem aquecido e isso é bem perceptível quando a gente anda nas ruas e vê a quantidade de novas construções de edifícios. A região de Balneário Camboriú, Itapema e Camboriú conta com muitas construções e esse crescimento nos apresenta uma tendência de necessidade de síndicos profissionais. São empreendimentos cada vez mais complexos, com amplas áreas de lazer, condôminos com visão focada para o investimento. Isso favorece a necessidade de eleger síndicos cada vez mais preparados para proteger o patrimônio. É um mercado em crescimento e de muitas oportunidades", relata.
Entidade que participa diretamente do mercado imobiliário, o Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Santa Catarina (CRECI/SC) está atento ao mundo condominial. O presidente Fernando Willrich reforça a importância da qualificação dos síndicos e das oportunidades para termos profissionais cada vez melhores.
“O CRECI/SC está atento ao mercado condominial, às novas tecnologias e inovações, bem como a todos os debates sobre os temas que dizem respeito ao setor, inclusive apoiando e divulgando diversas iniciativas de entidades representativas e do próprio Jornal dos Condomínios. Corretores de imóveis, síndicos e toda a rede que se forma em torno do mercado condominial devem trabalhar de forma integrada, pois têm muitos interesses em comum”.
Síndico do futuro
Primeiramente o papel do síndico em condomínios pode evoluir no futuro de várias maneiras. Uma delas está ligada às tecnologias e expectativas da sociedade, como exemplo a exigência dos condôminos e as possibilidades que o condomínio pode proporcionar. Aqui estão algumas tendências e possíveis mudanças que podem caracterizar o síndico do futuro: gestão digital, inteligência artificial, sustentabilidade, comunicação multicanal, gestão colaborativa, segurança tecnológica, treinamento e capacitação, transparência e prestação de contas.
O síndico do futuro também já está no presente, já que práticas mais transparentes como tecnologias para compartilhar informações financeiras e relatórios de gestão estão acessíveis aos condôminos. Gustavo Camacho, advogado e presidente da Associação dos Síndicos de Santa Catarina (ASDESC), reforça que a tecnologia tem tudo para ser uma das principais aliadas na construção do síndico do futuro.
"A tecnologia permite com que os procedimentos mecânicos e que não agregam valor ao 'core business' da atividade da sindicatura sejam automatizados, permitindo que o gestor se concentre efetivamente na atividade estratégica de seu negócio. Em que pese seja eleito, o síndico, na essência, é um prestador de serviços, de modo que não há nada mais precioso na vida profissional de alguém que trabalha com serviços do que o tempo. O tempo é o recurso mais escasso e não renovável que um indivíduo tem e, consequentemente, uma organização possui a receita de sucesso quando o assunto é agregar valor ao serviço prestado por meio da geração de experiências positivas ao usuário final, no caso condôminos e moradores", conta.
O crescimento no setor condominial é acompanhado de perto pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), representante do empreendedorismo e da inovação no Estado. Vice-presidente de marketing da entidade, Walmoli Gerber destaca um investimento milionário feito em uma empresa de SC voltada para a área condominial. Não por acaso Florianópolis também é chamada de Ilha do Silício pela quantidade de empresas voltadas para o setor tecnológico. Gerber reforça que foram feitos aportes milionários em uma empresa da área condominial.
"Tem uma empresa de Santa Catarina de software com solução para gestão de condomínios que no último mês teve duas rodadas de investimento. Uma de R$ 40 milhões e outra de R$ 70 milhões. Ou seja, foram mais de R$ 110 milhões voltados diretamente para uma empresa da área condominial", informa.
Nesse sentido, o setor condominial tem crescido em tecnologia com inovações que os síndicos já utilizam no dia a dia, além disso, há marcas da região que são referências no mercado na área de segurança eletrônica para o segmento de condomínios como monitoramento de acesso e tráfego de veículos, automação residencial e predial para situações de incêndio, corte e religamento de energia e iluminação de forma inteligente, sistemas de alarmes, monitoramento de imagem e automação, gestão de vagas de estacionamento, entre outros.
Para entregar o melhor e prestar o serviço de maneira a satisfazer o universo condominial o síndico precisa ser preparado, seja na formação, seja na parte pessoal. Não são raros os casos de estresse entre os profissionais, por isso a parte mental também tem que estar em dia. De acordo com a síndica profissional Letícia Duarte o crescimento da profissão passa pela inteligência em gerir também as próprias emoções.
"É um desafio constante para estar se aprimorando para ter melhores resultados. A sindicatura é uma atividade em que estamos expostos a problemas constantemente, estamos sempre criando soluções, dando respostas e lidando com pessoas com diferentes desejos, hábitos e culturas. A inteligência emocional para lidar com essas demandas, com o volume de responsabilidade a se lidar com as reclamações e os questionamentos é um desafio para lidar diariamente”.
Formação de síndicos
O número de eventos, palestras, feiras, treinamentos e cursos profissionalizantes de formação de síndico também cresce em Santa Catarina. São locais em que o networking auxilia o crescimento em conjunto da classe até por ter um histórico de cooperação entre os gestores do setor condominial. Os profissionais que buscam sempre se atualizar contam com mentores e palestrantes gabaritados e referências para ter a melhor qualidade na hora de prestar o serviço. Um dos síndicos que militam na área da formação, Rogério Freitas acredita que é preciso estar preparado para o que está por vir: "Para mim o síndico do amanhã é o síndico que está pronto para qualquer futuro. É certo que as mudanças serão bruscas, os condomínios cada vez mais complexos, exigindo do síndico uma enorme capacidade de adaptação onde tudo pode parecer inusitado. Quem tiver esse perfil e desenvolver essa habilidade irá se destacar".
Na mesma linha vai a instrutora na formação de síndicos Letícia Duarte. Ela enxerga o mercado catarinense como propício para que cada vez mais os profissionais cheguem ao mercado com condições de prestar um serviço de qualidade. Segundo ela, oportunidades não faltam para ser ainda melhor no que se faz.
"O mercado em Santa Catarina é o que mais investe em capacitação e conhecimento para síndicos. Em todos os grandes centros e principais cidades vemos uma quantidade muito grande de eventos, palestras e encontros de muita qualidade para poder compartilhar com os síndicos para elevar o nível do mercado. O síndico que atua no Estado tem uma oportunidade grandiosa para se destacar e aprender estratégias que funcionam, além de profissionais generosos dispostos a ensinar e em quem a gente confia em aprender. Para mim é um dos mercados que mais se destaca no Brasil em compartilhar e promover o universo condominial", acredita. Advogado e presidente da ASDESC, Gustavo Camacho enxerga que o crescimento imobiliário em Santa Catarina é excelente para que melhores profissionais absorvam as tantas oportunidades que estão por vir, até porque o número de condomínios tende a continuar em crescimento.
"O mercado imobiliário em Santa Catarina está em franca expansão. Cada vez mais investidores de outras regiões do país, e também do mercado exterior, vêm investindo em especial no litoral. As rubricas que antes eram destinadas para a região sudeste do país, atualmente estão sendo direcionadas para o nosso Estado. Atualmente Balneário Camboriú, além de ser referência nacional em índices de verticalização e altura dos empreendimentos, também se destaca por contemplar o maior metro quadrado do país.
Nota-se que, além da elevada quantidade de alvarás de construção atinentes a edificações prediais multifamiliares, a volumetria das áreas comuns destes empreendimentos é cada vez maior, o que torna a gestão condominial absolutamente complexa. Além de todo esse contexto do mercado da construção civil em franca expansão, tem-se o fato de que cerca de apenas 10% dos empreendimentos são geridos por profissionais, de modo que o seguimento da sindicatura profissional é um oceano azul de oportunidades. Ou seja, o mercado que já é bastante interessante e ainda irá se desenvolver consideravelmente nos próximos anos", reforça.
Dia a dia do síndico
O futuro do síndico também passa pelas ações do dia a dia. Algumas questões analógicas seguem como responsabilidade do profissional, tais como organizar assembleias, contratação e supervisão de funcionários e prestadores, arquivar documentos, analisar e elaborar o orçamento dos condomínios são alguns dos exemplos. O Código Civil Brasileiro, em seus artigos 1.347 a 1.358, trata especificamente sobre a figura do síndico e suas atribuições em condomínios. É por ele que a legislação na área condominial é regulada. Importante lembrar que nem todo síndico é profissional, decisão tomada sempre em assembleia entre os moradores.
A sindicatura exige dedicação e aprimoramento para que boas práticas (sejam tecnológicas ou não) sejam cumpridas, até porque o síndico trata do bem-estar de pessoas e seus imóveis.
Rogério Freitas também acredita que a inclusão de novas ferramentas digitais ajuda, mas que o mais importante é o profissional estar atento e por dentro para não ficar para trás.
"Não só os avanços tecnológicos, como ficar atento a qualquer desenvolvimento de soluções que atendam o mercado condominial. O mercado se desenvolve de forma tão dinâmica que costumamos dizer que o síndico familiarizado com suas soluções é sinônimo de síndico capacitado".