Porta de entrada dos edifícios, o hall pode demonstrar o padrão de um condomínio.
Porém, por ser uma área comum, em muitos casos acaba ficando em segundo plano. “O hall é o cartão de visitas do condomínio, portanto, deve refletir o estilo e o desejo de bem receber”, declara a arquiteta Glaci Pacheco, do Studio Refosco Arquitetura.
No caso de condomínios novos, por exemplo, é importante consultar no contrato de compra se a construtora deveria entregar o edifício com o hall já decorado. Quando a construtora não se responsabiliza pela entrega do espaço decorado, os condôminos devem se organizar para realizar a decoração. Tarefa que às vezes se torna complexa devido às dificuldades de consenso.
Resistentes
Com projetos de áreas comuns em diversos residenciais, o arquiteto Mário Pinheiro, do escritório Pinheiro e Serrano Fonseca Arquitetura, explica que cada vez mais as construtoras estão investindo nas áreas comuns, contratando escritórios de arquitetura para ter um resultado final mais adequado. “O mobiliário deve ter boa resistência e também bons acabamentos, por exemplo, em tecidos e lâminas. Deve-se ter também o cuidado no uso de mobiliário de moda, principalmente aqueles que possuem cores vibrantes não são recomendados. O uso deve ser de um mobiliário atemporal e, em algumas ocasiões clássicos, de preferência réplicas de boa procedência”, destaca.
Considerando que os espaços serão usados por diferentes pessoas, a ergonomia é de fundamental importância. “Hoje temos uma questão primordial que são os Portadores de Necessidades Especiais, que englobam pessoas de idade, deficientes visuais, cadeirantes e gestantes. Outra questão que levamos em consideração é que algumas construtoras entendem que em certos ambientes, como no hall de entrada, o mobiliário deve ser robusto, de boa presença, mas não tão confortável, pois é uma área que as pessoas não devem utilizar por muito tempo. É um espaço destinado para visitantes e não para o encontro e pequenas reuniões de condôminos”, lembra Pinheiro.
Elaborado pelo escritório de Pinheiro, o hall do Condomínio Porto de Bremen, em Florianópolis, por exemplo, teve o conceito criado a partir das definições dos materiais nobres e de alto padrão utilizados no projeto. “O ambiente apresenta um desenho de linhas mínimas, inspiradas no elemento ‘terra’. A paleta de cores transita na variedade dos tons terrosos. A originalidade foi complementada por elementos de marcenaria e móveis soltos de design, proporcionando uma atmosfera de integração com os demais espaços. A área de estar foi delimitada por piso cerâmico imitando madeira, contornada por dois painéis”, descreve o arquiteto.
Espaço físico
Para o arquiteto Paulo Gobbi, os detalhes mais importantes não estão nos acessórios que decoram os ambientes, mas sim no espaço criado para o hall, que muitas vezes são apenas longos corredores, com pouca claridade natural, em decorrência de um projeto arquitetônico deficiente. “Queremos dizer com isso que um bom espaço arquitetônico já ajudará a dialogar com a qualidade do ambiente proposto, sem a necessidade de tanta decoração”, destaca Gobbi.
Na opinião da arquiteta Glaci, o estilo de decoração deverá seguir a arquitetura do edifício e o estilo mais utilizado hoje é o contemporâneo, fazendo um contraponto com peças clássicas e objetos de arte. “É importante fazer a setorização do espaço e desenhar o layout, considerar circulações, disposição e organização do mobiliário, a função de cada um e efeitos de luz, e ainda a escolha de materiais com texturas diferenciadas”, orienta a profissional.
Excessos
Paulo Gobbi ressalta que, na hora de decorar, os responsáveis por contratar os serviços devem evitar os excessos da decoração, tais como vasos, acessórios, quadros, iluminação artificial exagerada, ou espelhos para todos os lados. Deve-se principalmente ter clareza do grau de sofisticação desejado no condomínio como um todo, não só no hall, mas do padrão do próprio prédio. “Por falta de orientação, muitas vezes as decorações de área comum destoam demasiadamente, transformando um edifício de arquitetura comum com halls de entradas suntuosos, que são antagônicos ao próprio padrão de materiais utilizados no acesso, nos jardins, nos muros, nos materiais, e o inverso também é verdadeiro”, explica o arquiteto.
O profissional explica que a tendência é imitar o estilo já utilizado nas salas sociais das residências, o que é condenável, devido à padronização e ao uso indiscriminado de linhas e modelos já estabelecidos nas lojas de móveis prontos. “Muitos halls são espelho dessas lojas e sua padronização de linhas retas, caixa horizontais, enfim, mais parece um mostruário de loja de armários e cozinhas pré-fabricadas, não caracterizando nem personalizando o hall e o diferenciando do contexto de moradia”, esclarece.
Quanto aos móveis fixos, como balcão de recepção, mesas de centro ou de canto, Gobbi sugere que sejam de materiais madeirados, granito, vidros comuns e coloridos. Além disso, iluminação em LED e espelhos comuns também podem ajudar a compor os ambientes. Nos estofados, o arquiteto orienta que sejam utilizados tecidos mais resistentes, que suportem a pouca manutenção, a limpeza bruta e usuários com diversas culturas. “Estofados em courvim e couro laváveis são boas opções”, recomenda o profissional.
Tapetes
Com relação ao uso de tapetes o arquiteto aconselha o uso desde que não sejam muito fofos e sejam antiderrapantes, caso contrário poderão provocar acidentes. Outros itens de decoração, como papel de parede, também são uma boa opção, devido às padronagens diferenciadas e que valorizam algumas paredes, mas nunca devem ser aplicados em todo o espaço. “As texturas nas paredes são mais duráveis e mais econômicas, e também oferecem uma grande gama de opções”, pontua o especialista.
Para Glaci, neste caso o ideal é associar o fator conforto, a estética com durabilidade e manutenção. “Os tapetes em tecido ainda são amplamente utilizados quando impermeabilizados e podem ter uma manutenção adequada com produtos específicos. Pode-se também utilizar materiais como couro, por exemplo,” explica. Com relação às cores mais usadas, Gobbi explica que não há um critério. Muitas vezes, combinar com as tonalidades do conjunto já existentes no edifício, jardins, muros, acessos, é o melhor caminho. Mesmo assim existe a febre pelo uso das cores chamadas “fendi”, também conhecida como concreto ou cinza-esverdeado.
Glaci sugere utilizar uma base neutra em contraste com objetos ou mobiliário de cores mais fortes. A arquiteta explica que cinzas, amarelos médios e brancos matizados de marrom são amplamente utilizadas e a monocromia também é bem-vinda desde que se utilizem também objetos coloridos na decoração. “Tudo na decoração é válido quando bem harmonizado. Podemos nos valer de texturas, papéis de parede, tintas especiais e revestimentos cerâmicos, entre outros”, conclui a arquiteta.
Matéria originalmente publicada em 14/05/2014