Um desafio crescente enfrentado por muitos condomínios é a maior frequência de eventos climáticos extremos, como chuvas torrenciais, ventos fortes e temperaturas extremas, consequências diretas das mudanças climáticas.
As infraestruturas de muitos prédios não estão preparadas para lidar com esses fenômenos, com casos recentes e históricos de problemas de energia.
Como exemplo, a cidade de São Paulo (SP) sofreu um apagão em outubro passado, deixando mais de 2 milhões de pessoas sem energia elétrica. O fato aconteceu devido às fortes tempestades que atingiram a cidade. Em algumas áreas, a falta de energia durou até cinco dias. Florianópolis viveu uma situação semelhante em 2003, quando os moradores enfrentaram um apagão após o rompimento de um cabo de energia na Ponte Pedro Ivo.
Na época, decretar situação de emergência foi a única saída para o caos generalizado que acabou depois de 55 horas sem luz e água para os 300 mil habitantes da Ilha. O prejuízo contabilizado ultrapassou os R$ 40 milhões, mas não só as empresas amargaram situações difíceis: moradores perderam alimentos congelados, trabalhos deixaram de ser feitos e casas pegaram fogo por descuido com velas.
Na época, por exemplo, moradores de condomínios da Ilha de Santa Catarina precisaram subir por escadas até os andares mais elevados ou mesmo evitar sair de casa para não descer e subir degraus no escuro ou com pouca luz. Dentro de todo esse contexto entra um item essencial e, por vezes, pouco falado em condomínios: o gerador de energia.
Em um plano de contingência que pode ser elaborado pela administração, a presença de um gerador em um condomínio vai muito além de simplesmente garantir conforto. Ela é uma questão estratégica para segurança, funcionalidade e bem-estar dos moradores.
“Em situações de queda de energia de grandes proporções, cada vez mais frequentes devido a eventos climáticos extremos ou problemas estruturais na rede elétrica, o gerador assegura a operação de itens críticos, como sistemas de segurança, iluminação em áreas comuns e elevadores”, explica Rodrigo Santos de Souza, executivo de negócios de uma empresa de eficiência energética.
Sem ele, um apagão pode gerar transtornos imediatos, colocando a integridade física das pessoas em risco. “Imagine a necessidade de socorro médico em um andar alto sem acesso ao elevador, ou o condomínio ficar vulnerável a invasões e furtos por falhas nos sistemas de segurança?”, questiona o executivo.
No curto prazo, a falta de energia afeta diretamente a mobilidade, já que elevadores e portões automáticos ficam inoperantes. A segurança também é comprometida, pois sistemas de vigilância eletrônica, câmeras e alarmes podem parar de funcionar, aumentando o risco de invasões e situações perigosas.
Outro ponto crítico é o abastecimento de água em edifícios verticais, já que as bombas hidráulicas geralmente dependem de energia elétrica.
“No longo prazo, a falta de um gerador pode trazer prejuízos significativos à reputação do condomínio. Em um mercado cada vez mais exigente, compradores e inquilinos priorizam empreendimentos que ofereçam infraestrutura completa e que demonstrem preocupação com o bem-estar e a segurança dos moradores. Um condomínio sem gerador pode ser visto como menos preparado, tornando-se menos competitivo e enfrentando dificuldades de valorização”, pontua Rodrigo.
Ficar atento aos avisos da Defesa Civil é importante
É claro que ter um gerador dentro do condomínio é uma ferramenta que soluciona problemas em caso de falta de energia, mas, além disso, é importante que a população fique atenta com avisos da Defesa Civil.
“Principalmente na questão de alertas como, por exemplo, se vai chover muito, se há previsão de ventos fortes ou mesmo de mar agitado. Além disso, é importante que quando as pessoas identifiquem uma questão de risco como uma árvore inclinada, um poste inclinado, rachaduras em edificações ou mesmo no chão, onde pode haver um possível problema, a indicação é acionar a Defesa Civil através do 199”, explica Samuel Vidal, diretor da Defesa Civil de Florianópolis.
Além disso, em casos extremos, a Defesa Civil atua de forma integrada com as companhias, como a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) e a Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina).
“A Defesa Civil atua de forma integrada com as agências do governo do Estado (Casan e Celesc), principalmente quando há um problema maior que acarreta problemas para a cidade. Quando a gente instala o gabinete de crise, esse contato é feito direto com a gestão de operações. O próprio sistema da Celesc a gente também utiliza para fazer esses monitoramentos, mas principalmente essa troca de informações em um cenário de crise maior”, pontua Vidal.