Com a Mesma Tolerância que Tolerarás, Serás Tolerado; Com a Mesma Intolerância que Intolerarás, Serás Intolerado: Uma Reflexão Condominial

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Uma vez foi com um condômino que exigiu que seu vizinho fosse advertido por estacionar fora da delimitação da vaga de veículo, mas pediu que eu fosse mais tolerante quando ele foi advertido por andar com seu cachorro na área comum sem a guia.

Outra vez foi o condômino que esqueceu de cancelar o salão de festas e recebeu a cobrança da reserva, mas quando seu vizinho reservou o salão na mesma data de seu interesse e não usou, ele exigiu que todas as taxas fossem cobradas e ainda me questionou se não deveria aplicar uma multa. Outra vez foi um condômino que reclamava do transtorno que as obras da unidade vizinha causavam, mas quando foi a vez das obras em sua unidade as exigências das conformidades da NBR 16.280 eram muito exageradas e desnecessárias.

E no complexo exercício da gestão da coisa alheia que é a sindicatura, sinto que vivemos tempos onde a hipocrisia não apenas é praticada, mas considerada normalidade pelo senso comum, o que deveria contrastar com uma verdade inegável: "Com a mesma tolerância que tolerares, serás tolerado; com a mesma intolerância que intolerarás, serás intolerado." Esta máxima, aparentemente simples, carrega em si um poder de destruição e construção harmônica, dependendo da forma como a aplicamos em nossa vida e, particularmente, na convivência condominial.

A vida em condomínio é um reflexo da sociedade, onde a verdadeira tolerância, que é a coexistência com diferenças, deveria ser fundamental para a harmonia. No entanto, essa tolerância foi distorcida para significar aceitação incondicional de comportamentos nocivos, enquanto a discordância é rapidamente rotulada como intolerância. Essa contradição é evidente, pois muitos que pregam a tolerância são os primeiros a mostrar intolerância diante de opiniões divergentes.

Esse ciclo vicioso se perpetua em diversas situações cotidianas. Vejamos, por exemplo, a questão das regras do condomínio. A aplicação das normas muitas vezes é vista como intolerância, enquanto a flexibilidade excessiva é confundida com tolerância. Os moradores que defendem o cumprimento rigoroso do regulamento são frequentemente taxados de intransigentes, enquanto aqueles que buscam mais liberdade podem ser vistos como negligentes com o bem-estar coletivo. Ou aqueles em que o rigor das regras devem ser aplicados aos outros, mas não a eles.

O bom exercício da função de síndico, que deveria ser um bastião da objetividade e imparcialidade, muitas vezes se vê em um dilema. As decisões precisam equilibrar a necessidade de manter a ordem e a harmonia com a exigência de respeitar as decisões coletivas. Na verdade, aquela que deveria ser o objetivo último da gestão condominial, é muitas vezes sacrificada no altar dos anseios e pressões individuais.

E o que dizer das assembleias e redes sociais do condomínio? Aquilo que deveria ser uma plataforma para a expressão livre edificação da vontade coletiva tornou-se um campo de batalha de intolerância ou linchamento virtual. As pessoas se escondem atrás de suas telas para atacar, difamar e destruir qualquer um que ouse ameaçar suas vontades individuais. A tolerância, se é que ainda existe, é uma máscara fina que rapidamente se desfaz diante da menor imposição da vontade coletiva que exige algum esforço individual.

Sendo assim, o condomínio que queremos, aquele em que a liberdade, justiça e vontade da maioria prevalecem, só será possível se cada um de nós estiver disposto a praticar com integridade as normas estabelecidas. E isso começa, na minha opinião, por entender que, no fim das contas, seremos tratados da mesma forma como tratamos os outros.

 

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