Buenas,
Como conhecedor de tradições e ditos populares, sei que existem algumas expressões regionais não tão conhecidas, que procuram definir uma situação, um fato ou uma experiência, mas que, na minha opinião, mais parecem terem sido criados por síndicos ou pessoas que vivem em condomínio, do que os verdadeiros autores em suas próprias localidades, diante da infinidade de “causos” que só a vida em condomínio propõe, como por exemplo, alguns ditados cunhados no Sul do Brasil: mais firme que nem palanque em banhado (para definir que uma situação não está indo muito bem); mais grosso que dedo destroncado (para definir uma pessoa “não muito gentil”) e me caiu os butiá do bolso (para definir algo surreal).
Mas a finalidade de abordar estes jargões já de largada, na verdade, é para falar de como andam as relações dentro dos condomínios pelo País afora e de como deveriam ser na real. Recentemente, me caiu os butiá do bolso, quando presenciei a cena de um morador bifiando outro em meio uma assembleia, uma das cenas mais terríveis que já vi... Bifiando, para leigos, também significa cair na porrada... Outro dia, tive que lidar com um membro do conselho fiscal, mais grosso que parafuso de trator (expressão prima de uma das citadas acima), que não admitia síndico profissional a frente de seu condomínio. Neste caso, acho que o corretor de imóveis esqueceu de informar a pessoa que um condomínio é uma propriedade compartilhada...
Enfim, para não me delongar, é perceptível que cada vez mais a intolerância, a falta de respeito e o bom senso, que diga-se de passagem foi o primeiro a ir pro banhado com a corda e tudo, estão dominando os condomínios. Há quem diga que é mais um dos efeitos pós-pandemia, devido ao longo tempo de isolamento social. Na minha opinião, talvez a ausência de uma boa e velha vara de marmelo na infância mais que qualquer outra coisa...
Particularmente, tenho mais lembranças positivas do que negativas quando me atrevi a levantar a mão em meio a uma assembleia de constituição de condomínio para assumir a gestão de uma minicidade. Para mim, essa experiência foi imprescindível para determinar que não são as boas intenções que favorecem uma gestão eficiente, mas sim as habilidades e o conhecimento do gestor.
Sobretudo, ironias a parte, mais do que querer “ajudar” ou “colaborar” no condomínio, “sem querer ganhar nada”, ou melhor, apenas pela isenção da taxa do condomínio, o síndico atual - e futuro - precisa estabelecer um propósito claro antes de assumir a gestão de um condomínio.
Precisa dominar as ferramentas atuais de gestão e liderança, além de aplicar-se a desenvolver mais suas soft skils (habilidades não-técnicas) mais do que que qualquer outra coisa, pois com o avanço de novos modelos de gestão, baseados na experiência e no atendimento pessoa a pessoa (H2H), têm-se requerido muito mais habilidades que fazem menção não somente ao conhecimento técnico, mas também ao comportamento e ao melhor interesse das pessoas.
Ser alguém que cause um grande impacto na vida das pessoas e representá-las faz um enorme diferencial na corrida do mercado. Então, para que você se destaque no mercado de condomínios, bem como esteja ciente antes de levantar a mão, o fato é que haverá dias bons e dias maus, mas no final tenha certeza de que fez a escolha certa, saiba que administrar um condomínio não se trata apenas de cuidar do patrimônio de alguém, deve tratar-se de ser capaz de transformar a vida de pessoas.
Taiso Cunha de Quadros – Advogado. Graduado em Direito pelo Centro Universitário Metodista – IPA. Pós-Graduado em Sustentabilidade pela Nanjing Agricultural University – China. Pós-Graduando em Compliance e Gestão de Riscos e Especializações nas áreas de Direitos Humanos e Formação de Lideranças Comunitárias.