De acordo com os dados divulgados pelo Ministério de Minas e Energia, as edificações são responsáveis por quase metade do consumo de energia no país, pois representam 42% de toda a energia elétrica consumida. Desse total, os empreendimentos residenciais respondem por 23% e os comerciais e prédios públicos por 19%. Com o objetivo de incentivar construções mais sustentáveis, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e a Eletrobras lançaram a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia para residências e edifícios multifamiliares – Selo Procel.
Existente há 20 anos, o selo de eficiência foi adotado, a princípio, para classificar aparelhos domésticos conforme o consumo de energia (em A, B, C ou D). A partir de agora, os edifícios também serão avaliados. A adesão ao Programa é voluntária e, dependendo do consumo de energia verificado em testes, os empreendimentos residenciais serão classificados de "A" a "E", sendo "A" o mais eficiente.
Os principais focos da análise estão direcionados ao consumo do condicionamento de ar, das áreas comuns, do sistema de aquecimento de água e iluminação. Os prédios serão classificados de acordo com o uso de energias alternativas, que dispensem o consumo de energia elétrica. Em julho deste ano, 22 prédios do Brasil receberam a certificação. Em Santa Catarina, dois edifícios receberam o selo: o Travertino, em Palhoça, e o Residencial SJ1, em São José.
Ainda em fase de construção e com inauguração prevista para janeiro de 2013, o Travertino ocupa sete mil metros quadrados e possui 40 apartamentos. Devido ao seu projeto de engenharia sustentável, o edifício recebeu classificação nível A. Segundo o engenheiro responsável pela obra, Dilnei Bittencourt, para obter esse resultado, o projeto da obra visou aproveitar a maioria de sistemas e equipamentos favoráveis à economia de energia elétrica.
“Aproveitamos a ventilação e iluminação natural construindo janelas mais amplas, instalamos o sistema de energia solar para aquecimento de água, aplicamos redutores de invasão e vazamento de água. Além disso, fizemos um estudo de isolamento térmico para diminuir o uso de ar condicionado e todos os aparelhos eletrônicos e sistemas instalados possuem o selo Procel”, justifica.
Segundo Bittencourt, o custo dessas inovações implica em acréscimo de 1 a 3% no valor da obra, o que não representa impacto considerável ao consumidor final. Além da vantagem de valorização do imóvel, o condômino pode economizar até 30% nos custos decorrentes do uso de energia elétrica, o que poderá reduzir a taxa do condomínio. “Isso pode ser apenas presumido, já que depende do hábito e da consciência de cada um em evitar o desperdício”, ressalta.
De acordo com o engenheiro Dilnei Bittencourt, baseado em dados de pesquisa realizada pela construtora do edifício, Florianópolis é a única capital do país cujos consumidores têm consciência mais sustentável na aquisição do imóvel. “Percebemos que existe uma predisposição dos clientes desta região em buscarem prédios mais sustentáveis. Essa é uma particularidade muito forte dos nossos consumidores”, afirma.