Condomínios alinhados às premissas de sustentabilidade

Entenda como adaptar o seu empreendimento e investir em práticas ambientais que contribuam para um futuro mais verde e econômico
SUSTENTABILIDADE Pensar em alternativas que visem a preservação ambiental já é realidade em grande parte dos condomínios SUSTENTABILIDADE Pensar em alternativas que visem a preservação ambiental já é realidade em grande parte dos condomínios

A crescente conscientização sobre os impactos socioambientais tem impulsionado moradores e gestores de condomínios a buscarem práticas mais sustentáveis, não apenas como um compromisso ético, mas também como uma estratégia para mitigar os efeitos da emissão de carbono.

Em um cenário global, em que a redução de carbono é fundamental para o futuro ambiental, cidades como Florianópolis têm se destacado com iniciativas pioneiras, como o conceito de lixo zero, adotado desde 2018.

Desde então, a capital catarinense tem incentivado práticas como a coleta seletiva e a correta separação de resíduos, comprometendo-se a destinar 90% dos resíduos orgânicos e 60% dos recicláveis para reciclagem até 2030. Esse compromisso, formalizado por decreto, não apenas transforma hábitos individuais, como também cria um ambiente propício para a adoção de políticas sustentáveis em diferentes setores, incluindo os condomínios residenciais.

Seguindo essa tendência, condomínios podem implementar estratégias para reduzir sua pegada de carbono e, inclusive, aderir ao mercado de créditos de carbono. A transição para práticas sustentáveis não apenas contribui para o meio ambiente, como também agrega valor aos empreendimentos imobiliários e pode gerar economias significativas aos moradores.

IVAN
IVAN DOS SANTOS aposta na eficiência energética para reduzir a emissão de carbono

Segundo Ivan dos Santos, presidente da Associação de Moradores do Jardim Albatroz (AMJA), um coletivo composto por quase 1 mil moradores de 25 condomínios associados, entre as soluções que os condomínios podem implementar para reduzir a emissão de carbono está a eficiência energética. “Acreditamos que investir na instalação de painéis solares fotovoltaicos é uma estratégia transformadora, que vai muito além de simplesmente economizar na conta de luz. Ao gerar energia limpa e renovável, reduzimos nossa dependência de fontes não renováveis e contribuímos ativamente para a preservação do meio ambiente”, pontua.

Outro ponto que ele destaca como fundamental e simples é a substituição das lâmpadas convencionais por modelos LED de alta eficiência em todas as áreas comuns. “Essa simples mudança, aliada à instalação de sensores de presença em áreas de menor circulação, otimiza significativamente o consumo energético, demonstrando um respeito maior pelo meio ambiente e gerando economias consideráveis em longo prazo”, destaca Santos.

Mas não para por aí. Ele defende que promover o transporte sustentável é essencial para reduzir a pegada de carbono. Dessa forma, ao fomentar a implantação de bicicletários seguros e bem localizados e incentivar o uso de bicicletas para deslocamentos curtos, cada condomínio pode contribuir para a diminuição do tráfego de veículos motorizados e para a melhoria da qualidade do ar. “No mesmo sentido, criar espaços designados para carona compartilhada e disponibilizar estações de carregamento para veículos elétricos são passos valiosos que podemos e devemos adotar”, complementa o presidente da AMJA.

Além disso, também é possível implementar um programa robusto de coleta seletiva e compostagem, que transforma resíduos orgânicos em adubo de alta qualidade — um recurso valioso que pode enriquecer os jardins comunitários e reduzir a necessidade de fertilizantes químicos.

Silvo
SILVO JOSÉ FERRI afirma que se todos fizerem a sua parte a soma dos esforços resultará no todo preservado

No condomínio administrado pelo síndico Silvo José Ferri, no bairro João Paulo, em Florianópolis, o cuidado com o meio ambiente é algo levado muito a sério. “É inquestionável que os recursos naturais são finitos, daí a necessidade do uso racional deles. Cada condomínio é uma parte pequena do todo, mas se todos fizerem a sua parte a soma dos esforços resultará no todo preservado para as atuais e futuras gerações”, destaca.

O gestor diz que inúmeras soluções já estão em operação e outras tantas em estudo. Entre as iniciativas já implementadas está a adesão ao programa municipal de Coleta Flex, que é basicamente a separação do lixo compostável, cujo objetivo é atender as metas de desvio do aterro sanitário e promover uma economia circular e sustentável.

Além disso, o espaço também investe na contratação de empresa privada para coleta do lixo reciclável, preservação da arborização em todo os espaços do condomínio, e está em estudo a instalação de placas solares e o projeto de captação de água da chuva, especificamente da que brota nas rochas sobre as quais o condomínio foi assentado.

E para conquistar o envolvimento dos moradores e de toda a equipe que trabalha no empreendimento, o síndico diz que aposta no diálogo, estratégia que, segundo ele, tem dado certo. “O engajamento do meu público vem do diálogo constante por meio dos grupos de WhatsApp, forte orientação, como em ações de conscientização nos finais de semana, e de um monitoramento contínuo”, destaca Ferri.

Myriam
MYRIAM TSCHIPTSCHIN afirma que os condomínios precisam mensurar o seu impacto em relação às emissões

Traçando boas iniciativas

De acordo com Myriam Tschiptschin, Head de Smart Cities do CTE, empresa que oferece soluções em sustentabilidade e inovação para o setor da construção civil, em primeiro lugar, os condomínios precisam mensurar o seu impacto em relação às emissões. E, paralelo a isso, entender o quanto estão aptos a transformações, sobretudo as resultantes da crise climática.

“A gente fala de adaptação e resiliência, sendo que a primeira tem a ver com prevenção, para não se ter que passar por um desastre climático, e a segunda, com o quanto o condomínio está pronto para passar por um momento de crise e, logo após, se restabelecer para continuar o seu funcionamento”, pontua a especialista. Além disso, ela acrescenta que, antes de pensar em entrar no mercado de carbono, o próximo passo seria a descarbonização.

Essa ideia é complementada pelo presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina (CAU/SC), Carlos Alberto Barbosa de Souza, que explica que a adaptação dos condomínios para a sustentabilidade e a participação no mercado de carbono é um processo que requer planejamento e expertise. Nesse processo, é fundamental contar com o apoio de profissionais qualificados, como arquitetos e urbanistas especializados em sustentabilidade.

“Os arquitetos têm um papel essencial nesse cenário. Eles podem projetar ou adaptar espaços que não apenas reduzam as emissões de carbono, mas também melhorem a qualidade de vida dos moradores. Isso inclui desde a escolha de materiais sustentáveis até o design de áreas verdes que atuam como sumidouros de carbono”, explica Carlos.

Além disso, esses profissionais também são fundamentais na busca por certificações ambientais. Eles conhecem os requisitos de certificações como LEED ou Selo Casa Azul e podem incorporar esses padrões em seus projetos. Isso não só torna o condomínio mais sustentável, como também pode valorizá-lo no mercado imobiliário.

“O caminho para a sustentabilidade em condomínios não precisa ser complicado. Com a orientação correta, é possível transformar espaços comuns em ambientes mais eficientes e ecologicamente responsáveis. Isso não só beneficia o meio ambiente, como também pode resultar em economia para os moradores e uma melhor qualidade de vida para todos”, afirma Carlos.

Arquitetura como estratégia

A arquitetura contemporânea oferece diversas soluções para criar ambientes mais arejados de forma sustentável. Segundo Carlos, algumas das estratégias mais eficazes incluem o uso de ventilação cruzada, aproveitando a orientação do edifício para maximizar a circulação natural do ar. Também são muito eficientes os sistemas de fachadas ventiladas, que criam uma camada de ar entre o exterior e o interior do edifício, ajudando na regulação térmica.

“Elementos da arquitetura modernista brasileira, como brises e cobogós, continuam sendo excelentes opções para controle de luz e ventilação. Os brises permitem o controle da incidência solar, enquanto os cobogós proporcionam ventilação constante e filtram a luz natural, criando ambientes frescos e agradáveis”, reforça o presidente do CAU/SC.

A arborização estratégica ao redor e dentro das edificações também desempenha um papel crucial na criação de microclimas mais amenos e na purificação do ar. “Árvores e plantas bem posicionadas podem reduzir significativamente a temperatura do entorno e melhorar a qualidade do ar interno, podem contribuir até mesmo na diminuição da umidade dos ambientes, se usadas da forma correta”, explica o especialista.

Além disso, o uso de materiais termorreguladores, como vidros especiais e isolantes térmicos naturais, contribui para manter os ambientes frescos. Ele diz que é importante ressaltar que os sistemas mais tradicionais, como geração de energia fotovoltaica e reaproveitamento de água, já estão consolidados, mas continuam sendo extremamente importantes para a sustentabilidade das edificações.

Anauate
OMAR ANAUATE diz que a adoção de práticas sustentáveis nos condomínios proporciona benefícios financeiros, ambientais e sociais

Vantagens de estar alinhado às premissas de sustentabilidade

Conforme explica o presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), Omar Anauate, a adoção de práticas sustentáveis nos condomínios proporciona benefícios financeiros, ambientais e sociais, tais como:

redução de custos operacionais: a eficiência energética e a economia no consumo de água resultam em menor despesa para os moradores;
valorização do imóvel e atratividade: empreendimentos sustentáveis têm maior apelo no mercado imobiliário, tanto que estudos indicam que esses imóveis tendem a ser mais valorizados e a ter maior liquidez;
conformidade com regulamentações: adequação a normas ambientais e a certificações de sustentabilidade pode evitar sanções e facilitar a obtenção de benefícios fiscais;
menor pegada ambiental: a redução na emissão de carbono, no consumo de recursos naturais e na geração de resíduos contribui diretamente para um impacto ambiental mais positivo;
ambientes mais saudáveis: maior aproveitamento da iluminação natural, ventilação adequada e presença de áreas verdes proporcionam conforto térmico e melhor qualidade do ar;
redução de ruídos e de poluição: o uso de materiais sustentáveis na construção, além da oferta de estrutura para bicicletas e veículos elétricos, reduz a poluição sonora e do ar;
áreas verdes: a manutenção e a ampliação de áreas verdes, além de embelezarem os espaços e proporcionarem um ambiente mais agradável, contribuem efetivamente para o sequestro de carbono, o aumento da biodiversidade e a melhoria da qualidade do ar;
segurança hídrica e energética: medidas como reúso de água e geração de energia própria tornam o condomínio menos vulnerável a crises hídricas e aumentos tarifários.

Impacto do setor no meio ambiente

Sobre o impacto dos condomínios e do mercado imobiliário no meio ambiente, Myriam destaca que os empreendimentos precisam contribuir para as descarbonização. Mas, além disso, eles também precisam prever ações de resiliência e adaptação para minimizar o impacto do aquecimento global nas populações.

“A preocupação deve existir desde a criação dos empreendimentos, otimizando, preservando ecossistemas nativos, ecossistemas naturais, como matas e corpos hídricos. No caso de condomínios já existentes, esse olhar pode ser feito por meio do cuidado, do restauro desses ecossistemas e mesmo no incremento de nova vegetação, dando sempre preferência para exemplares nativos do bioma local”, pontua Myriam.

Outro ponto de preocupação da especialista é em relação aos desperdícios. Ela defende que a gestão dos recursos está diretamente relacionada à oportunidade que os espaços têm de realizar ações de educação ambiental.

“Em cada empreendimento existe uma comunidade que está integrada, com os mesmos objetivos de promover um hábitat saudável, com qualidade de vida. Só que, para isso, é fundamental ter uma comunicação eficaz. A gestão de resíduos só será sustentável se houver a conscientização e o engajamento de todos”, diz Myriam. Ela reforça que, por mais que o condomínio ofereça a infraestrutura completa de gestão de resíduos, sem o engajamento dos moradores, dificilmente os resíduos vão ter a destinação correta para reciclagem.

 

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