Cada vez mais presente em diversos setores da sociedade, a questão da sustentabilidade é uma realidade que também vem se tornando habitual no universo dos condomínios. E apesar do assunto ainda não estar totalmente popularizado, uma mudança de postura já vem sendo adotada por profissionais de construção e gestores que vêm buscando integrar alternativas para geração de energia limpa e redução dos resíduos gerados nos condomínios.
Situado no bairro Campeche, em Florianópolis, no condomínio Neo Next Generation, buscaram-se tecnologias disponíveis de reuso e conservação da água e de aproveitamento e geração de energia solar e eólica, sendo esse condomínio o primeiro no Brasil a ter gerador próprio de energia eólica.
No alto das duas torres residenciais, duas turbinas eólicas captam a energia do vento, enquanto os coletores solares captam a energia do sol, para juntos aquecerem toda a água consumida pelos moradores.
O condomínio possui um local onde o lixo orgânico é descartado corretamente, em uma composteira, e o reciclável nos recipientes de descarte individuais. “Busquei as mais modernas tecnologias para criar uma construção diferenciada, que levasse o conceito de sustentabilidade aos mínimos detalhes, onde o conforto deveria estar atrelado à funcionalidade e ao respeito ao meio ambiente”, resume Jaques Suchodolski, idealizador do projeto e hoje também síndico do condomínio.
Reuso da água
O arquiteto explica que, no jardim, os moradores das 24 unidades podem conhecer na prática os benefícios do sistema de captação de energia natural e limpa que comanda de forma automatizada e sem desperdícios o tratamento e reuso da água dos sanitários para regar as plantas.
Para isso, ele estabeleceu um sistema de captação de energia natural e limpa, aliando as soluções de energia eólica, com o estudo detalhado do comportamento dos ventos na região e as tijoletas térmicas que revestem a parte externa da construção. “Ao buscar as melhores tecnologias disponíveis de reuso e conservação da água e de aproveitamento e geração de energia solar e eólica, o projeto permitiu que o custo para o aquecimento de água de todos os apartamentos e áreas comuns fosse praticamente zerado, de maneira limpa e sustentável, sem o uso de nenhum combustível fóssil”, explica Suchodolski.
Mas, apesar da tecnologia ter sido importada, o arquiteto explica que edifícios mais antigos que também tenham interesse em instalar o sistema eólico podem optar por um sistema nacional similar de eixo vertical que, instalado, custa um valor aproximado de 60 mil reais.
As soluções foram pensadas para oferecer eficiência térmica e acústica com foco na sustentabilidade, mas refletem também na economia para os moradores com a redução de 50% da conta de energia de cada unidade, o equivalente a 43 mil reais de gastos de energia elétrica por ano.
Além da garantia de não estar consumindo combustíveis fósseis na vida doméstica, há ainda a perspectiva de poder reduzir a zero os gastos de energia das áreas comuns do condomínio com a obtenção de créditos pela cessão de energia sobressalente para a rede elétrica local, a partir da nova regulamentação para microenergia aprovada pela ANEEL. “Os aerogeradores produzem por ano o dobro da energia necessária. O excedente vai para o consumo geral do condomínio, como elevadores e iluminação, e pode reverter para a rede pública, gerando créditos para a conta condominial”, explica Jaques.