Síndico piauiense cria polêmica em SP por 'cortar' água dos moradores

Síndico piauiense cria polêmica em SP por 'cortar' água dos moradores

 

Uma polêmica envolvendo um piauiense virou matéria de destaque da Folha de S.Paulo. O repórter Rafael Balago narrou a história do síndico Adaildo Oliveira, que tomou uma atitude drástica para solucionar o problema de falta de água em um condomínio. No começo ele teve muitas críticas, mas a economia acabou fazendo os moradores mudarem de opinião. Confira:

O síndico Adaildo Oliveira, 65, passava férias em sua casa no Piauí quando foi acordado por uma ligação às 5h da manhã.

Era janeiro de 2015 e os moradores de seu condomínio no Tucuruvi, na zona norte, estavam sem água, após o abastecimento da rua ter secado durante a noite, fruto da redução de pressão na rede.

Diante da situação, Oliveira tomou uma decisão radical. Ainda em Teresina, deu ordem para que o fornecimento de água nos prédios fosse suspenso entre 11h e 17h, de segunda a sexta, e entre 12h e 16h30 aos sábados, domingos e feriados.

"Mandei fechar não só pela economia, mas para as pessoas terem água para fazer a janta, tomar banho de noite. Disse que ia ficar assim até a assembleia, quando a medida foi aprovada", lembra o síndico.

A ideia gerou polêmica no conjunto de 196 apartamentos que fica em uma rua tranquila perto do Horto Florestal. "Tinha gente me xingando de tudo quanto é jeito, me ligando no Piauí falando que eu não podia fazer isso, mas fiz."

"No começo, o pessoal chiou, mas depois foram aceitando. Era muito ruim chegar do trabalho e não ter água para nada", considera a moradora Roseli Ferreira, 52.
"Era complicado ter de acordar cedo no domingo para adiantar o almoço", lembra Flora Silva, 57. "Mas era o jeito pra se proteger das surpresas da Sabesp."

Com essa e outras medidas radicais, Oliveira conseguiu receber R$ 22 mil de bônus na conta de água ao longo de 2015, um dos recordistas da cidade, de acordo com a Sabesp.

Assim, foi possível um abatimento de 25% do valor das contas e o ganho fez com que o valor do condomínio caísse de R$ 330 para R$ 285.

Na guerra para economizar água, o síndico travou várias batalhas. Primeiro, lançou mão de conversa e campanhas educativas para evitar o desperdício. Conseguiu baixar a conta de cada torre de R$ 1.900 por mês para até R$ 1.300.

Os edifícios construídos na década de 1980 possuíam, porém, apenas um hidrômetro por prédio. Oliveira promoveu, então, a instalação de um medidor por apartamento -não sem dificuldades. A dez dias do prazo para terminar o trabalho, oito famílias se negavam a aderir.

Além do custo de R$ 650, parcelados em até 12 vezes com juros, elas não queriam abrir seus imóveis para desconhecidos. "Informei que ia ligar a nova rede de água em dez dias e que as unidades que não aderissem ficariam sem abastecimento", conta Oliveira. "No nono dia, a última pessoa que resistia aderiu."

A medida também recebe elogios. "Antes pagava pela água dos outros e a agora pago só a minha", diz Elisabete Oliveira, 64, outra moradora.

Os novos hidrômetros ficam concentrados no último andar dos prédios, protegidos por grades. O acesso é restrito e Oliveira lacra pessoalmente o registro de quem atrasa o pagamento. "Mas se vier conversar e pedir uns dias, a gente até segura."

O pacote de medidas para economizar incluiu colocar cadeados nas torneiras do jardim, para evitar que as crianças brincassem com água, e instalar uma cisterna para captar água da chuva, usada na limpeza das áreas comuns.

DESCONTROLE
Nascido no interior do Piauí, Oliveira veio para São Paulo em 1979. Trabalhou vários anos como motorista de carreta e, quando suas filhas adolescentes "começaram a dar problemas", ele deixou a estrada e passou a dirigir ônibus em São Paulo, profissão na qual se aposentou.

O cargo de síndico foi assumido há cinco anos. "Essa crise não foi falta de água, mas descontrole do governo. Houve seca em 2004 e ficaram com os olhos fechados desde então", diz Oliveira, que arrisca seus palpites sobre o que poderia ter sido feito. "Se fosse eu, teria criado um sistema de integração mais eficiente entre as represas."

Em janeiro deste ano, a meta exigida para ganhar o bônus subiu muito e ele desistiu de perseguí-la, embora tenha mantido o gasto de água estável. O corte diário foi abandonado no Natal. Já a política de bônus da Sabesp acaba em 1º de maio.

Oliveira pensa em voltar à Teresina de vez quando encontrar um substituto. "Lá tenho meu canto, no centro da cidade, mas também falta água. Um dia por semana a pressão fica muito fraquinha", conta. O Nordeste não perde por esperar.

Matéria originalmente publicada em 180graus com informações da Folha de S. Paulo

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