Quando é que uma pessoa toma a decisão de tornar-se síndico? Há quem se prepare por anos, mas é comum que a sindicatura entre na vida do profissional quando há vacância no posto durante uma assembleia. Vizinhos sugerem, já existe uma vontade e o novo síndico nasce. O rito citado foi parecido com o que viveu o hoje síndico profissional Edgar Francis, CEO da B2R Condomínios.
“Em 1998 fui morar pela primeira vez em um condomínio. Nem três meses de moradia vi no corredor o cartaz da assembleia com os dizeres ‘leve sua cadeira’. Eram quatro pessoas, a síndica, uma senhora de 70 anos, e mais três conselheiros. Ela afirmou que não queria mais ficar na gestão, os conselheiros também recusaram e eles olharam para mim: ‘que tal o novato?’. Virei síndico do condomínio e de outros dois na mesma rua em oito meses. De 2006 para cá é minha única atividade”, relatou Francis.
Certamente outros profissionais que estão na gestão de condomínios já viveram algo igual ou parecido no início da carreira. Inclusive, devem ter cometido até os mesmos erros do que o inexperiente Edgar Francis lá em 1998.
“Achava que era possível padronizar tudo em todos os condomínios. São pessoas diferentes, condomínios diferentes, perfis de funcionários diferentes, tudo é diferente. Você consegue padronizar muitas coisas, mas menos da metade de tudo que o condomínio tem”.
No entanto, logo no início da carreira ele entendeu o que precisava ter para evoluir na profissão: “É preciso empatia, conhecer um por um, vivenciar o condomínio, suas dores e expectativas. Isso toma tempo e demanda muita energia”.
Desafios do síndico
O síndico profissional Edgar Francis explica também sobre os desafios da profissão para lidar com as mais variadas situações do dia a dia.
“Se o prédio tem uma cultura ruim, a cultura tem que ser mudada ou ela muda você, esse é um dos maiores desafios. Então você arregaça as mangas e promove uma mudança positiva, ou você desiste”.
Outra situação importante citada por Edgar Francis é a formação do síndico. O cargo exige muito do profissional nas mais diversas áreas de conhecimento, ele exemplifica:
“Antigamente, um técnico em contabilidade que tivesse 10 anos de profissão poderia tirar a carteira de contador sem faculdade, hoje em dia já não pode mais. Um síndico tem que ser filósofo, farmacêutico, enfermeiro, bombeiro, equilibrista, malabarista, marido de aluguel, quebra-galho, além é claro de engenheiro, médico, economista, contador, advogado, psicólogo e, por que não, mágico. Penso que a vida no condomínio tem fases, e para cada fase da sua existência tem um perfil melhor para o síndico”.
Como CEO da B2R Condomínios, Edgar Francis atua também na contratação e análise dos perfis de síndicos. Não é uma tarefa fácil, mas ele dá algumas dicas.
“Os condomínios são muito distintos, principalmente seus moradores. Já teve uma conselheira economista que pediu o meu score do Serasa. O pedido mais comum é a negativa judicial. Já teve quem me pediu uma ficha corrida. Então minha dica é: seja ficha limpa e encare qualquer disputa”.
Conselho
“Seja síndico pelo menos uma vez na vida, vivencie uma experiência ímpar. Ao fim do primeiro mandato como síndico você saberá se aquela vida é para você ou não. Quanto maior o número de áreas que você se desenvolver, mais amplo e completo você se torna.
Prédios com proprietários de alto padrão aquisitivo tendem a captar síndicos que sejam mais instruídos”.