A chegada do novo coronavírus demanda planejamento e atenção para não impactar ainda mais a nossa segurança
Prospectar possíveis cenários para crises que envolvam direta ou indiretamente a segurança pública, está entre as principais atividades desempenhadas por especialistas em segurança. Nem os mais pessimistas poderiam projetar um cenário de tamanha dimensão e impacto, nem mesmo os mais proeminentes especialistas da inteligência governamental de praticamente todos os países do mundo. Porém é justamente nesses momentos que precisamos manter a coerência, para aprendermos com os erros e assim construirmos novamente cenários futuros com mais assertividade. A crise do novo coronavírus já tornou algumas coisas evidentes:
A)O que vem agravando os índices de letalidade do vírus, não é o vírus propriamente, mas sim a falta de estrutura da saúde. Faltam leitos, respiradores, espaços específicos e outros itens ligados à logística, que propiciam improvisos e consequentemente o aumento da possiblidade de erros.
B)Apesar dos cenários internacionais apontarem para uma pandemia, demorou-se para preparar um plano contingencial e estruturado, ou seja, sempre devemos pensar que pode não acontecer, mas e se acontecer, o que faremos? Como nos antecipar?
Concordo com a afirmação de que o Covid-19 afeta em primeiro lugar o sistema de saúde e em segundo a economia, com efeitos negativos que refletem automaticamente na segurança pública e privada.
A elevação no nível de desemprego, somado à capacidade das forças de segurança pública estarem também sofrendo o impacto da disseminação do vírus (com baixas de efetivo já registradas em diversos estados do Brasil), nos leva a prever com razoável nível de assertividade que haverá um aumento na criminalidade e violência urbana. Na outra ponta temos os condomínios (tanto horizontais quanto verticais) passando por um aumento relevante em seus índices de inadimplência, causada justamente por muitos que ficarão desempregados ou terão negócios impactados pela crise em todo o país.
Nesse cenário, os administradores serão obrigados a readequarem suas despesas. É importante que isso aconteça de maneira assertiva, sem cortes em investimentos na segurança, que é o motivo principal para que as pessoas escolham morar em condomínio.
Então o momento agora é de começar a se planejar; não de maneira improvisada, para quando o problema bater na nossa porta. É necessário ter um planejamento profissional, não embasado em "achismos", buscando soluções que mantenham um bom nível de conforto, mas acima de tudo uma segurança real.
Para isso hoje existem algumas ferramentas tecnológicas e de inteligência voltadas para condomínios que podem contribuir com redução de custos e aumento de eficiência na segurança, permitindo que o administrador saiba em tempo real quais são os problemas que realmente colocam o condomínio em risco, como é o caso do SigmaApp.
Por outro lado, mais do que nunca a comunidade tem que se conscientizar que terá um papel fundamental nas questões comportamentais, para poder deixar a equipe de segurança humana cumprir seu papel de proteger os usuários e não apenas administrar conflitos. A participação de todos os moradores será vital para a diminuição da probabilidade de um agravamento na segurança, da mesma forma que hoje a participação de todos é fundamental para vencermos o COVID19.
"Não são os mais fortes que sobrevivem e sim os que mais rápido se adaptam"
(Brigadeiro do ar Antônio Carlos Moretti Bermúdez)
Adalberto Santos é especialista em segurança e diretor superintendente da Sigmacon. É consultor, palestrante, analista em segurança empresarial e criminal. Possui pós-graduação de processos empresariais em qualidade, MBA em administração e diversos títulos internacionais na área de segurança.
Matéria originalmente publicada em ACidadeON