Chuva no Vale do Itajaí: como síndicos e especialistas tentam evitar problemas com enchentes

A região do Vale do Itajaí passa por problemas de enchentes com chuvas volumosas, por isso síndicos e especialistas apontam alternativas para superar as dificuldades
Alagamentos podem danificar estruturas e provocar prejuízos aos condomínios e moradores Alagamentos podem danificar estruturas e provocar prejuízos aos condomínios e moradores

O período do verão traz sol, calor e aumento populacional em Balneário Camboriú (BC) e região do Vale do Itajaí, mas também temporais e chuvas torrenciais em um curto período de tempo que deixam transtornos.

O município, que é reconhecido internacionalmente pelas suas belezas naturais, sofreu com o excesso de chuva em janeiro quando, em um dia, choveu a quantidade de água prevista para todo o mês. As mudanças climáticas têm alterado cada vez mais a força e regularidade com que os fenômenos naturais ocorrem na região.

Condomínios e síndicos, pela velocidade com que os temporais chegam, são pegos desprevenidos e acumulam prejuízos causados pela chuva, como alagamento de garagens, elevadores, bem como problemas na estrutura dos prédios. No caso de Balneário Camboriú, onde as principais vias, inclusive a Avenida Atlântica, alagaram, foi decretado estado de emergência.

A síndica Joice Honório, vice-presidente da Associação de Síndicos de Balneário Camboriú (ASBALC), que faz a gestão de edifícios na região, adotou medidas preventivas e de monitoramento para evitar prejuízos.

“Da outra vez que aconteceu, tivemos quase 200 carros nos condomínios debaixo da água. É um volume excessivo de água não só no nosso município, mas também em Rio do Sul, Brusque e Blumenau, e essa chuva deságua em dois canais. Entro em contato com a Secretaria de Obras e Defesa Civil para solicitar constantemente a dragagem do canal que passa por trás do condomínio em Balneário e também realizar a limpeza das bocas de lobo da rua e de dentro do condomínio. Quando o volume de chuva é grande, como em janeiro, a água pode voltar para dentro do condomínio pelas bocas de lobo”.

Francine
Francine Trevisan alerta para a subida de água pelos ralos quando o alagamento é grande

Síndica de um condomínio em BC e engenheira, Francine Trevizan conta que o volume das chuvas assustou, mas que a especificidade da construção dos condomínios em que ela atua na região teve papel importante para evitar prejuízos.

“Alguns condomínios têm subsolo com sistema de drenagem que não chega a dar conta. O nosso condomínio, na parte térrea, conta com salas comerciais e um mezanino. Não temos um problema de entrada de água no prédio, isso se dá mais nas salas. Em sete anos que estou como síndica, apenas uma vez teve entrada de água. No entanto, essa chuva de janeiro assustou”, relata.

Francine ainda complementa reforçando que os prédios na altura da rua, por exemplo, passam por uma “enchente interna”, com a água vindo de dentro dos imóveis e enchendo a partir do banheiro.

“Nessas horas de enchente, ter ralo não faz muita diferença, porque a água acaba subindo até pelos ralos. Aqui no Parque das Nações 1, quando tem essas enchentes, a água sobe pelos ralos por dentro das salas comerciais. A situação das enchentes é bem complicada, é um problema público”.

Piter
Piter Scheuer

A chuva com grande volume em uma condição rápida, segundo o meteorologista Piter Scheuer, é rara. No entanto, ele explica como o fenômeno se criou de maneira inesperada. Segundo Piter, o alto volume de chuva, que caiu de forma rápida e com muita força, foi monitorado por ele nos radares meteorológicos.

“Os ventos oriundos do mar em direção ao continente, no quadrante leste (a chamada lestada), juntos a uma perturbação nos níveis médios da atmosfera e o fluxo de umidade que vem da Amazônia foram fatores preponderantes para que tivéssemos nuvens carregadas. Essa perturbação, em combinação com o vento de leste, resultou nessa chuva muito volumosa em um curto espaço de tempo”.

Seguro é um auxílio para os síndicos

E de que forma os síndicos podem ter uma alternativa para diminuir os riscos? Gerson Luis Klock, corretor na região do Vale do Itajaí, aponta que o seguro é uma ferramenta importante com que os profissionais da sindicatura precisam contar. O especialista destaca também o trabalho interno na comunicação no condomínio como forma de antever possíveis riscos.

“Não é preciso passar por um problema para contar com o seguro. É muito importante que os gestores, síndicos e usuários dos condomínios trabalhem de forma preventiva, para implantarem a cultura de gestão de riscos nos empreendimentos imobiliários também e, consequentemente, minimizar as perdas no momento do sinistro”, explica Klock.

Joice
Joice Honório adotou medidas preventivas e de monitoramento para evitar prejuízos

A síndica Joice Honório também exemplifica um modelo de aviso que tem ajudado na mitigação dos prejuízos, além de mostrar o bom uso da comunicação como ferramenta para uma gestão eficiente da situação.

“Quando começa um nível de chuva com volume alto, a gente preocupa-se principalmente com condomínios em áreas em que os alagamentos são mais suscetíveis. Temos um plano de ação junto aos moradores e também o monitoramento junto ao vigia, mais a equipe de gestão e equipe de zeladoria, que controlam o nível do rio atrás da estrutura. Instalamos uma sirene dentro do condomínio. Quando o nível do rio aumenta ou a quantidade de chuva vai interferir no alagamento do pátio em que ficam os veículos, a gente aciona essa sirene para que os moradores os retirem. Nossa comunicação é toda via grupo de comunicados de WhatsApp”.

No caso de alagamentos, como destaca Gerson Luis Klock, maquinário como bombas, produtos de limpeza, guaritas, computadores e elevadores podem ser avariados com a entrada da água. Além disso, há sempre a questão de aparelhos eletrônicos, como portões, que ficam submersos. Nesse sentido, o especialista reforça a importância de realizar uma análise detalhada dos riscos para adquirir um seguro adequado, como os que cobrem danos decorrentes de alagamento, inundação, desmoronamento, tumultos, vendaval, furacão, ciclone, tornado, granizo e outros eventos que possam causar perdas materiais ao condomínio segurado.

“Antes da contratação de qualquer tipo de seguro, é importante entender quais são os riscos em exposição presentes no local de risco e de que forma estes podem gerar perdas financeiras. O ideal é contar com a presença do profissional corretor de seguros, para identificação e análise dos riscos expostos, e então desenhar um plano de prevenção de perdas e tomada de decisões. Geralmente, o gestor do empreendimento conta com quatro opções para rodada de decisão: aceitar o risco, mitigar, eliminar ou transferir para o mercado de seguros parte dos riscos ou sua totalidade”, reforça.

Além do seguro, a síndica e engenheira Francine Trevizan aponta uma outra alternativa, que é utilizada no condomínio em que atua na gestão.

“Temos um sistema de eclusa, que é como uma comporta e, quando é bem executado, evita que entre água. No condomínio, acredito que tenha dado 50 centímetros de altura da água, mas o sistema fez com que não entrasse nada pela porta das salas comerciais. Elas fecham e vedam bem a entrada da água”.

Ações da municipalidade

Já tramita na Câmara Municipal de Balneário Camboriú um projeto de lei que apresenta uma proposta de alteração na legislação da Empresa Municipal de Água e Saneamento (EMASA), que dobrará o percentual de recursos investidos em programas de preservação e recuperação ambiental, de 1% para 2% da arrecadação bruta anual. Com isso, o orçamento destinado a essas iniciativas passará de R$ 1,7 milhão para R$ 3,4 milhões.

A prefeita Juliana Pavan, que está no segundo mês de mandato, reconhece que o município necessita melhorar e ampliar a política de prevenção e mapear os pontos críticos no município.

“Precisamos de um plano de ação para que possamos, de fato, visualizar esses locais. Balneário Camboriú ainda não tem isso, então cabe a nós, a esta nova gestão, formatar essa ação para que, quando episódios como esse aconteçam, possamos agir de forma imediata”.

Iniciada em janeiro, a obra de desassoreamento do Ribeirão do Kiko (canal afluente do rio Camboriú, na região sul do município) tem prazo para terminar até o fim de março e é necessária para garantir mais vazão ao rio e diminuição de enchentes na área. A obra é realizada por meio de parceria público-privada com empresa que se predispôs a contribuir com o maquinário necessário para a intervenção.

O trecho tem cerca de 350 metros de extensão e 14 metros de largura e fica localizado no Bairro da Barra, na parte que perpassa a rua Pedro Pinto Felipe e segue até a avenida Rodesindo Pavan (Interpraias). Em nota, a prefeita Juliana Pavan contou sobre a importância da obra para a região.

“Essa é uma obra muito esperada pelos moradores e pescadores da região e, após as chuvas, nós colocamos essa ação como uma das prioridades para a região sul. Aumentar a vazão do rio e diminuir as enchentes na região, além de ajudar a economia local, que é fortalecida pela pesca, serão legados concretos dessa obra".

 

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