Quando se fala de acessibilidade, o esporte é outra dificuldade enfrentada.
A Lei Federal n. 10.098/2000 referenda a acessibilidade em condomínios, mas não faltam exemplos de prédios sem rampas em calçadas, pouco espaço para a entrada em elevadores e lojas. A vida de quem tem dificuldade de locomoção passa por desafios duros no dia a dia.
Porém, uma corrida que conta com o apoio da Duplique Santa Catarina, empresa líder no segmento de garantia de receita para condomínios, será promovida pelo Instituto IPE. A 1ª Corrida IPE pela Inclusão será realizada no dia 17 de novembro, no bairro Campeche, em Florianópolis. A prova vai incluir cadeirantes, pessoas com deficiência e acompanhantes e uma mostra de que todos podem e devem ser inseridos no esporte.
Por outro lado, ao ouvir relatos de pessoas que enfrentam esses desafios diários na Grande Florianópolis, dá para entender que ainda existem barreiras físicas e sociais para que todos possam ter seus direitos garantidos.
É o caso de Juliana Fernandes, de 47 anos. Ela é mãe de Augustus Fernandes Nunes, de 10 anos. A criança é autista e possui paralisia do lado esquerdo do corpo, precisando de acessibilidade nos locais do dia a dia para as atividades básicas. Segundo Juliana, no condomínio onde mora, no bairro Nossa Senhora do Rosário, em São José, o filho tem necessidades como corrimões, iluminação adequada nos locais, além de painéis visíveis em elevadores.
“O meu filho não precisa de uma rampa, mas às vezes a rampa até para ele ajuda. Na entrada do prédio precisa ter essa estrutura, a adequação do elevador com espelho também ajuda, a iluminação, toda a questão do painel, para que seja visível, tanto para quem tem deficiência visual ou mesmo alguma dificuldade de entendimento, quanto mais for acessível, melhor”, afirma Juliana.
Augustus será um dos participantes da 1ª Corrida pela Inclusão. A mãe relata que mudanças no condomínio ajudam na locomoção e servem também para outras pessoas. Segundo ela, a entrada do prédio ter espaço para que carros de aplicativo estacionem para deixar os passageiros com cobertura e escadas com corrimões é fundamental. Contudo, não há uma área de lazer no local, o que a obriga a ir a parques, por exemplo, para praticar alguma atividade com o filho.
“Promover a acessibilidade não precisa ser visto como um obstáculo. Pelo contrário, é uma oportunidade de tornar o condomínio mais inclusivo, moderno e valorizado. Se grandes obras parecem inviáveis, comece pelas adaptações simples. Fazer o possível já faz toda a diferença”, explica a jornalista, síndica e advogada em direito condominial Cleuzany Lott, também colunista do Jornal dos Condomínios.
Já Marinez Perão, de 61 anos, moradora do Centro de Florianópolis, ressaltou as dificuldades de locomoção que passa com o filho Paulo Perão de Lima, 33, que depende de uma cadeira de rodas. Ele também vai participar da prova e aumentar a visibilidade da causa.
“A gente sente dificuldade nas ruas, as calçadas são muito ruins e poucas têm rampas para a gente subir ou descer com a cadeira de rodas. Os restaurantes também são complicados, os espaços para passagem são muito pequenos, ou mesmo numa lanchonete, não cabe a cadeira”, explica.
Achar um local para morar também não é fácil. “Esses dias fui ver um apartamento para alugar e não tive como olhar porque não tinha uma rampa para subir os degraus. O Paulo tem uma cadeira motorizada, pesada. Na rua Tenente Silveira também já deixei de olhar um apartamento porque não tinha acesso para cadeirante”, relembra Marinez.
Esporte e acessibilidade
A 1ª Corrida IPE pela Inclusão será realizada no dia 17 de novembro, no bairro Campeche, em Florianópolis. O evento terá percursos de 3 km, 6 km e uma caminhada de 3 km. As inscrições podem ser feitas no site www.ticketsports.com.br no valor de R$ 60 por pessoa.
O IPE foi fundado em junho de 2016 por Paulo Escobar, atual presidente da associação, com o objetivo de levar pessoas com deficiências às corridas de rua.
“Desde então o IPE vem expandindo o número de pessoas com deficiência. Iniciamos com quatro e hoje atingimos 217. Buscamos nos atualizar e a cada dia participar mais no processo de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade”, explica Escobar.