Ações sociais organizadas por síndicos elevam conexões entre os moradores dentro e fora dos condomínios

Ações sociais organizadas por síndicos elevam conexões entre os moradores dentro e fora dos condomínios

Gestores vão além das funções burocráticas do cargo e se destacam com o conceito que permite buscar alternativas para construir uma comunidade mais conectada

Em algum momento da vida você já deve ter ouvido expressões como “pensar fora da caixa” ou “furar a bolha”. Elas estão relacionadas ao processo criativo e são consideradas essenciais para a transformação de problemas em soluções diferenciadas. No ambiente condominial, esse conceito permite buscar alternativas para construir uma comunidade mais conectada. Em 30 de novembro é comemorado o Dia do Síndico, e o responsável pela gestão também é cobrado além das responsabilidades descritas no Código Civil. Afinal, através de ações sociais e confraternizações é possível elevar o nível de interação entre os moradores.

No Brasil, mais de 68 milhões de pessoas moram em condomínios, e 420 mil síndicos são os responsáveis pela gestão desses espaços, segundo a Associação Brasileira de Síndicos e Síndicos Profissionais (ABRASSP). A entidade aponta também que apenas 5,19% deles são profissionais (21.868 pessoas), ou seja, que se qualificaram para o exercício da função.

“O mercado de condomínios é um oceano azul de oportunidades. O síndico possui a obrigação não apenas de zelar pela manutenção da edificação, mas de oferecer um ambiente saudável. É por esse motivo que o síndico, pautado em seu propósito de ser um agente de transformação positiva daquela sociedade, deve buscar qualificação técnica constante”, explica o presidente da Associação de Síndicos do Estado de Santa Catarina (Adesc), o advogado Gustavo Camacho.

A função de síndico surgiu com a Lei 4.591/64 (sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias). Ele é o responsável pela administração do local, para realizar cobranças ou pagamentos de despesas e tantas outras atribuições.

“O síndico precisa dedicar tempo e conhecimento em prol da coletividade, buscando sempre o bem-estar de todos no condomínio. É ter uma visão ampla e estratégica, é garantir uma gestão assertiva, transparente, imparcial e que preze sempre pela ética. Sua dedicação é essencial para a harmonia e manutenção do bem comum, resolvendo conflitos, inovando, criando soluções e cuidando do patrimônio de todos”, opina o presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), José Roberto Graiche Júnior.

Com o passar dos anos, porém, o perfil do responsável pela administração desses espaços passou por transformações. “O perfil do síndico mudou muito nos últimos anos, mas ainda é prevalência de pessoas acima dos 45 anos no cargo. Também, temos a figura do síndico contratado, que passou a ser uma profissão. Ao contrário do síndico morador, o profissional possui um vínculo de prestação de serviço com o condomínio. E há uma tendência de aumento desses profissionais nos condomínios”, completa o presidente da AABIC.

Essa mudança de rota se deu com a aceleração imobiliária e a construção de grandes condomínios. Esses empreendimentos necessitavam de pessoas qualificadas para o exercício do cargo, uma vez que a alta demanda atrasava até mesmo processos considerados simples.

“Antigamente, as pessoas aposentadas é que dispunham de tempo para dar atenção aos processos gerenciais e operacionais. Agora, nota-se uma mudança sensível no perfil dos síndicos, em especial nos profissionais, de modo que pessoas mais jovens estão se capacitando e acessando o mercado. Mas a maioria dos síndicos ainda é composta por pessoas com idade entre 46 e 60 anos, sendo que a faixa etária que se encontra em expansão no mercado é aquela compreendida entre 31 e 45 anos. Outro dado interessante é que a maioria das pessoas que ocupam a função de síndico é constituída de mulheres”, finaliza Camacho.

Para além dos muros do condomínio

Com a mudança de perfil dos gestores, muitos síndicos destacam-se com ações voltadas para a sociedade até mesmo no entorno dos condomínios. Um desses exemplos está no bairro Floresta, em São José, na região da Grande Florianópolis. Há cinco anos na administração do Condomínio Leonardo Melo, o síndico João Netto, de 35 anos, encontrou uma maneira de integrar os 130 moradores do espaço de 50 apartamentos com a população. E isso se deu com a Festa Natalina, que terá a segunda edição em dezembro, e a Festa Julina, que aconteceu pela primeira vez neste ano.

Joo Neto Fundo Transparente
Síndico João Netto: as Festas Julinas e Natalinas do condomínio reúnem moradores e comunidade na praça do bairro

“As ações não são realizadas no condomínio, mas é no entorno, para a comunidade. Temos o Natal Entre Vizinhos e a Festa Julina, que são na praça do bairro. Os moradores do condomínio comparecem em bom número e é nesse ambiente que reunimos os demais síndicos da região. É nesses eventos que os moradores confraternizam e se conectam. Todos fazem essa parte da socialização juntos, mesmo não sendo apenas uma atividade voltada exclusivamente para o condomínio, mas algo muito mais amplo, que junta toda a nossa comunidade”, aponta.

João Netto concilia a sindicatura com a profissão de tradutor e intérprete. Mas engana-se quem pensa que ele vê a função como um hobby. Ele deixa claro que ser síndico é justamente encarar os desafios do cargo e, acima de tudo, fazer o melhor possível para a sociedade em geral.

“Ser síndico é você sair da sua zona de conforto. Eu vejo que a maioria dos síndicos fica restrita aos seus condomínios, e eu tento pensar mais no global, pois entendo que é importante reunir os demais síndicos e socializar com os vizinhos do bairro. Temos que ir além da burocracia e fazer um diferencial que deixe uma marca. A minha marca, por exemplo, é onde as pessoas me veem como um grande integrador”, completa Netto.

Aulas de dança, culinária e inglês

Também em São José, no bairro Areias, o Conjunto Residencial Parque Flores da Estação tem 736 apartamentos espalhados por 46 blocos e conta com atividades sociais para os moradores. Responsável pela administração do espaço há 18 meses, o síndico Pedro Henrique Duarte Coelho, o Rick, concilia a função com a profissão de corretor de imóveis, mas conta com a colaboração dos mais de 3 mil moradores do local para que tudo ocorra dentro da mais perfeita harmonia. Para ele, o desenvolvimento dessas ações serve como legado.

Sind Rick Fundo Transparente
Na gestão do síndico Pedro Duarte Coelho, o residencial implantou aulas de dança, de inglês e de culinária para as crianças

“Nosso espaço dispõe de aulas de dança para as mulheres, aulas de culinária para as crianças e aulas de inglês. Como temos muitos moradores capacitados para o desenvolvimento dessas atividades, não é preciso pagar nada por isso. O condomínio apenas cede os salões para a realização das ações. Com isso, percebemos uma importante evolução, principalmente nas crianças, que deram vazão à energia com mais uma ocupação produtiva. Também promovemos festas, como o aniversário do condomínio e o Dia das Crianças. Nesses eventos promovemos a integração, e os moradores-empreendedores vendem os próprios produtos para a comunidade”, destaca Rick.

Prezar pela boa convivência entre vizinhos é o que move Rick a querer investir cada vez mais o seu tempo na sindicatura. Ele considera importante atuar em prol da comunidade para garantir não apenas a valorização do imóvel de cada um, mas contribuir com ações que permitam o desenvolvimento coletivo.

"Penso que o síndico tem que zelar pela integração social daquele espaço administrado por ele. É uma responsabilidade que carrego comigo desde que assumi a função, pois é através dessas ações que aplicamos práticas de bons costumes e, assim, atingimos o bem-estar necessário para viver de maneira harmoniosa dentro da nossa comunidade", completa.

Solidariedade e novos espaços de bem-estar

Em Itajaí, a síndica profissional Letiane Scheleck Metzen incentiva os condôminos dos espaços que administra para as práticas solidárias. Tanto no Edifício Grand Soleil, residencial de duas torres, 192 unidades e 890 moradores, quanto no Residencial Catania, de 68 unidades e aproximadamente 270 pessoas, ela promove ações que visam à integração através da arrecadação de alimentos e de brinquedos para doações.

Sind Letiane
A síndica Letiane Metzen incentiva os condôminos para as práticas solidárias que arrecadam alimentos e brinquedos para doações

“Gosto de deixar bem claro que o condomínio é a extensão de casa. Por isso, sempre digo que é preciso ter participação ativa e trabalhar para trazer os moradores para próximo da administração. Foi assim que implantamos ideias como arrecadação de alimentos, separação de lixo e oficinas de montagem de uma árvore de Natal solidária feita pelas crianças. O propósito é realizar a doação de brinquedos para os orfanatos, de alimentos para as famílias carentes e itens de higiene para os asilos”, explica a síndica.

Além de incentivar a doação, Letiane destaca que a participação dos moradores é essencial para que outras ações sejam implantadas nos condomínios. Tanto que o Grand Soleil dispõe de quadras, garage band, sala de cinema, mercado, espaço mulher e ateliê.

“Os ambientes são 100% utilizados pelos nossos moradores. Buscamos alternativas para otimizar nossos espaços. Por exemplo, fizemos a quadra praticamente do zero, pois não tínhamos essa opção de lazer. Implantamos também um mercado no hall de passagem entre as torres e é um sucesso. A garage band é um espaço acústico bem interessante utilizado por adolescentes e adultos, pois temos no condomínio músicos profissionais que a utilizam para ensaios. Ainda, temos a sala de cinema que, neste período de Copa do Mundo, está sendo usada para a transmissão dos jogos”, afirma Letiane.

Essas ideias, de acordo com a síndica, fazem a diferença no mundo condominial e definem com êxito a missão do gestor perante a comunidade.

“Trabalhar com pessoas me faz crescer. Aprendo demais e isso me ajuda querer ser melhor a cada dia. Mas meu maior combustível é satisfação em fazer o bem ao próximo, em auxiliar, achar soluções, trazer e idealizar novidades. Na minha visão, ser síndico é tarefa para poucos, uma vez que considero os condomínios como minicidades e, por tanto, eles nos exigem atenção e dedicação diária. A sindicatura é um ato de amor, dedicação e respeito”, completa a síndica.

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