Sem dúvida os tempos mudaram em Florianópolis. Aquela cidade pacata, onde todos da vizinhança se conheciam pelo nome e as crianças corriam despreocupadas, cresceu e trouxe a reboque todas as facilidades e problemas das grandes cidades. E, não há comunidade em Florianópolis que não tenha experimentado um dos maiores problemas do crescimento: a violência.
O bairro de Coqueiros, na região continental da Capital, certamente não é exceção. Mas, a Associação dos Moradores das Praias de Itaguaçu, do Meio e da Saudade (AMPIMS) dessa localidade vem buscando alternativas com o Projeto Vizinho Solidário, que pretende reunir os moradores em busca de mais tranquilidade e segurança.
A ideia surgiu em 2011, quando a associação percebeu que a crescente valorização imobiliária do bairro, junto às comunidades carentes que o cercam, estava criando uma relação dilatada de diferenças sociais. E, a chegada de muitos moradores novos mudou as características da vizinhança, que antes tinha mais proximidade.
Segundo João Roberto Golfetto, secretário da AMPIMS, a ideia não é nova: “A associação de vizinhos neste sentido é uma reunião de ideias que já existe em vários locais do mundo, é uma maneira da sociedade civil se organizar para cooperar com a polícia e fortalecer a relação entre vizinhos”.
Como Funciona
A AMPIMS criou uma campanha pelo bairro para divulgar o Programa com camisetas e distribuição de folders na região convidando os moradores para uma reunião, onde os detalhes do programa foram esclarecidos.
Os moradores que aderiram à iniciativa receberam uma placa do Programa Vizinho Solidário para colocar em frente a suas residências e foram instruídos a montar um plano de ação para situações cotidianas que pareçam suspeitas, como um carro passando diversas vezes pelas mesmas ruas ou um desconhecido observando uma residência.
“O plano de ação incentiva que os vizinhos se comuniquem e troquem informações, deixando claro a qualquer suspeito que ele está sendo observado. Coisas simples como disparar o alarme do carro ou acender as luzes da casa são suficientes para afugentar um criminoso, eles vão agir sempre onde for mais fácil”, completa Golfetto.
Com cerca de 250 placas distribuídas por Coqueiros, o Programa Vizinho Solidário foi apresentado a comandantes de batalhão da Polícia Militar, que já estuda a aplicação do método em outras comunidades da Capital. Mas, o índice que melhor expressa o sucesso da iniciativa está no fato de as residências e prédios identificados com a placa do programa não terem registrado mais nenhuma ocorrência policial.
Cesar Dias