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Condomínios quarentões convivem com arranha-céus do século 21

Condomínios quarentões convivem com arranha-céus do século 21

De um lado, condomínios construídos num tempo em que eram escassos os edifícios, de outro, arranha-céus erguidos numa época em que as casas entraram em extinção na avenida mais cobiçada do Litoral Norte catarinense.

Estamos falando de Balneário Camboriú, meca da construção civil brasileira e onde, apesar de contratempos e inconvenientes, condôminos de edifícios mais antigos, como o retratado nesta reportagem, convivem em harmonia com construções que surgem do dia para a noite, algo fácil de se encontrar na cidade em que são entregues de 1400 a 1800 apartamentos por ano, segundo o Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) de Balneário Camboriú.

Na Avenida Atlântica, no Pontal Norte, está o Edifício Siri. Construído em 1968, o Siri tem 11 andares. Localizado em área nobre de Balneário Camboriú, o condomínio viu um antigo vizinho vir abaixo recentemente. O motivo? A construção de um megaempreendimento de 40 andares aos fundos do condomínio, fato que trouxe à tona uma realidade da qual Balneário não conseguirá escapar: muitos dos condomínios antigos serão substituídos por novos. 

Edificiosiribalcamb

O comerciante e subsíndico Rodrigo Pereira fala 

em revitalizar o prédio de 45 anos.

Rodrigo do Amazonas Pereira, 36 anos, é subsíndico do Edifício Siri há dois anos. Proprietário de uma lanchonete no andar térreo da construção, Rodrigo cresceu vendo o Siri ser um dos maiores edifícios da Avenida Atlântica. As coisas mudaram e, de um ano para cá, ele se acostumou a ouvir reclamações de outros condôminos acerca do barulho da construção vizinha e da constante queda de materiais para os lados do terreno, onde está o Siri. “Quando começaram a destruir o prédio que tinha ali, depois de fazerem a limpeza do terreno, iniciaram também os transtornos, porque resíduos da construção caíram para dentro do terreno do edifício e danificaram o piso e paredes do Siri”, conta Rodrigo, fazendo questão de dizer que as construtoras arcaram com todo o prejuízo.

Os barulhos da construção do futuro arranha-céu também incomodam alguns condôminos, especialmente os mais idosos, conta Rodrigo. Ele lembra que muitos adquiriram imóveis ali justamente para ter sossego ao envelhecer. Entretanto, avalia Rodrigo, isso já está sendo superado pelo fato de os condôminos do Siri saberem que não existe outra saída a não ser se acostumar com possíveis barulhos e problemas que a construção do edifício de 40 andares possa trazer. “Muitas vezes os condôminos vêm reclamar comigo porque se perguntam: ‘e quando estiverem prontos os 40 andares, como será o nosso sol?’ Eu digo pra eles que não tem jeito, o mercado da construção civil está aí e só resta se adaptar”, observa um resignado Rodrigo.

Ele lembra ainda que já teve casos de especulação imobiliária na tentativa de comprar o Edifício Siri, indenizando assim os proprietários de apartamentos no prédio. Porém, Rodrigo acredita em outra alternativa. “Nós precisamos dar uma revitalizada aqui no edifício, para que, junto com esses empreendimentos novos, possamos valorizar o nosso edifício”, conclui o subsíndico.

Números

Em 2010, data do último levantamento do Sinduscon sobre estatísticas da construção civil em Balneário, a cidade tinha 233 obras/terrenos, das quais: 146 eram obras de edifícios residenciais, 73 eram terrenos com tapume, 4 eram edifícios comerciais e 10 eram obras paradas. A cada ano são entregues de 1400 a 1800 apartamentos.
Carlos Humberto Metzner Silva, presidente do Sinduscon de Balneário Camboriú, estima que anualmente são entregues 70 prédios no município. Os valores de venda dos apartamentos, segundo ele, batem na casa dos R$ 2 bilhões e 500 mil.
 
Matéria publicada originalmente em 18/abril/2013