Balneário Camboriú hospeda o dobro de idosos do país

Balneário Camboriú hospeda o dobro de idosos do país

Índice exige atenção especial de síndicos nos condomínios de Balneário Camboriú, diz advogado

No Brasil, segundo pesquisa realizada recentemente pelo IBGE, as pessoas idosas representam hoje o percentual de 14,3% da população brasileira. Entretanto, em Balneário Camboriú esse índice mais do que dobra, chegando a 37% do total de habitantes do município. Por esse motivo, os síndicos da cidade devem ter atenção redobrada com os cuidados que requerem esses moradores.

Nesse sentido, de acordo com o advogado Gustavo Camacho, o primeiro e mais importante item diz respeito à acessibilidade, sendo que a edificação, sempre que possível, deverá ser adequada à NBR 9050. “Além disso, tendo em vista a vulnerabilidade dos idosos, o condomínio deverá contar com itens de segurança, haja vista que os índices de furtos e roubos realizados contra idosos são superiores ao da população que não se enquadra como tal”, aponta o advogado.

Mas não é só isso. Segundo Camacho, é absolutamente recomendável a realização do cadastro completo do idoso, relatando todos os seus dados e as doenças das quais é portador. A identificação dos familiares também é um item primário, pois inúmeros idosos optam por residir sozinhos. “Em um momento de emergência, o síndico deverá saber com quem se comunicar”, completa.

Para Camacho, os funcionários do condomínio também deverão ser capacitados, não apenas no quesito gentileza, mas, principalmente, deverão conhecer as técnicas de primeiros socorros. Sem esquecer, é claro, a boa convivência que é um item fundamental. Por esse motivo, ele sugere que condomínios onde residem muitos idosos tenham diversas atividades voltadas para esse público, tais como aulas de dança, pintura, ginástica, jogos de tabuleiro e de cartas, confraternizações e outras formas de interação. “Aqui a imaginação é o balizador, sendo apenas limitada pelo bom senso”, argumenta.

Atenção especial

Marco Antonio
Marco Antônio Zani vai colocar em pauta os cuidados com os idosos na próxima assembleia do condomínio

Seguindo essa postura, o síndico Marco Antônio Zani elencou vários itens para a próxima assembleia do Condomínio Santa Mônica. Entre eles, o cumprimento da legislação e do regimento interno que ditam os direitos e cuidados para com os idosos. “Precisamos definir de que maneira queremos viver no condomínio, a começar pela interação e convivência entre os moradores. Temos dois blocos, de cinco andares, com 29 apartamentos cada, e um salão de festas em cada bloco. Portanto, podemos usar o espaço para promover atividades que tragam bem-estar aos moradores”, defende Marco Antônio.

Ao definir o residencial como um condomínio simples, sem uma grande equipe, apenas com o síndico e o zelador, Marco Antônio diz que sua preocupação é orientar o funcionário a atender bem os idosos. “Não custa nada abrir uma porta, auxiliar com as compras, já que alguns moram sozinhos e os filhos quase sempre estão ausentes”, destaca.

Perfil

Apesar de ser a segunda menor cidade do Estado de Santa Catarina, contando com apenas 46 quilômetros quadrados de extensão territorial, em determinadas épocas do ano Balneário Camboriú é a cidade com a maior densidade demográfica do país. Tudo isso se deve ao elevadíssimo índice de verticalização da cidade, a qual teve seu início antes mesmo da emancipação do município, no ano de 1964. Em meados da década de 1980, Balneário Camboriú teve o boom da construção civil, chegando ao seu ápice em 1995, quando foram construídos 158 novos prédios.

Deste contexto, diz o advogado, pode-se concluir que muitas das edificações, hoje existentes na cidade, possuem cerca de 30 a 40 anos desde a expedição dos respectivos habite-se, o que quer dizer que elas não foram construídas com observância à norma de acessibilidade (NBR 9050), a qual é datada de 2004. No entanto, devido à idade de boa parte das edificações da cidade, estas vêm passando por processos de reforma, também denominados retrofit. “Para que os alvarás de reforma sejam expedidos, é necessário que os projetos tenham contemplado, entre outros diversos pressupostos legais, os preceitos de acessibilidade. Portanto, sempre que um edifício for reformado, este deverá se adequar ao máximo à norma de acessibilidade, melhorando a sua usabilidade às pessoas portadoras de necessidades especiais e idosos”, avalia Gustavo Camacho.

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