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Condomínios e o desafio de gerar menos resíduos

Condomínios e o desafio de gerar menos resíduos

 

Entre os dias 20 e 27 de outubro, a cidade de Florianópolis (SC) foi sede da Semana do Lixo Zero 2013, com o objetivo de lançar reflexões sobre a produção de resíduos, ampliar a discussão acerca da gestão de todo o lixo que produzimos diariamente e difundir o conceito do “lixo zero”, que consiste no máximo aproveitamento e correto destino de resíduos recicláveis e orgânicos, e a redução – ou mesmo o fim – do encaminhamento desses materiais para os aterros sanitários.

Organizado pelo Instituto Lixo Zero, uma organização sem fins lucrativos sediada em Florianópolis, com apoio do Jornal dos Condomínios e de diversas entidades públicas e privadas, a segunda edição da Semana do Lixo Zero realizou, ao longo da semana em diversos pontos da Capital, palestras, debates e atividades práticas como oficina de materiais recicláveis e coleta de resíduos entre torcedores do jogo Figueirense e Joinville no Estádio Orlando Scarpelli.

Este ano, evento focou a atuação de síndicos e zeladores, que enfrentam o problema da coleta de resíduos no dia-a-dia da profissão, como explica Jean Tavares, coordenador de operações da empresa Novo Ciclo e um dos palestrantes do evento.

“Obtivemos uma procura surpreendente desses profissionais, todas as palestras sobre resíduos nos condomínios lotaram. Podemos perceber um interesse dos síndicos em dar um destino correto aos resíduos produzidos em seus condomínios, muitas vezes eles encontram dificuldades como falta de espaço para armazenar esses materiais ou até mesmo a falta de consciência dos moradores na separação dos resíduos.

” A Semana do Lixo Zero também envolveu diversos setores da sociedade, como empresas da construção civil, associações comercias, universidades e sindicatos, o que faz sentido: A Lei nº 12.305 promulgada em 2012 pelo governo federal, instituindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criou a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, além do cidadão, e titulares de serviços de manejo dos resíduos. Na prática, a lei quer dizer que todos temos a responsabilidade sobre os resíduos produzidos. A PNRS também cria metas importantes para a eliminação dos lixões, como a reciclagem de 20% dos resíduos até 2015.

A situação de Florianópolis

Segundo dados da Companhia de Melhoramentos da Capital, a Comcap, em 2012 foram produzidas 174,7 mil toneladas de resíduos sólidos em Florianópolis, registrando um aumento de 6,4% em relação ao ano anterior. Desse total, 11,4 mil toneladas eram de materiais recicláveis. Ainda segundo a Comcap, atualmente a coleta seletiva atende 97% dos domicílios e todo resíduo coletado que não pode ser reciclado segue para um aterro sanitário.

Florianópolis foi uma das primeiras capitais a criar a coleta seletiva do lixo, em 1994, depois da experiência do Projeto Beija Flor desenvolvido em regiões carentes com objetivo de tratar o lixo domiciliar dentro das comunidades que o produziam e dar-lhe um destino correto.

A iniciativa dos condomínios

É preciso lembrar que bons exemplos vêm surgindo dentro dos condomínios da cidade, como Everson Musquini e Dalva Pereira Conceição, respectivamente síndico e subsíndica do condomínio João Paulo, no bairro de Coqueiros, em Florianópolis, que há mais de 20 anos se preocupa em separar os resíduos, dar um destino correto e, principalmente, aprimorar o processo e envolver cada vez mais moradores.

“Assim que o município implantou o sistema de coleta seletiva nós começamos a separar nosso lixo e aos poucos fomos aperfeiçoando. Atualmente separamos todos os materiais recicláveis por categoria e o material orgânico vai para uma composteira de fibrocimento, de onde extraímos o biofertilizante que usamos nas árvores e na horta do condomínio”, explica Dalva.

Com uma grande área verde repleta de árvores frutíferas, a dedicação dos mais velhos começou a chamar a atenção das crianças moradoras do condomínio. “Como elas estão sempre brincando por aqui começamos a convidá-las para participar e aos poucos elas estão se envolvendo no processo. Fizemos uma eleição para síndico mirim e escolhemos uma síndica, um subsíndico e dois conselheiros e agora eles vão criar o regimento interno mirim”, conta Everson.

A iniciativa foi uma das responsáveis pelo clima de união que há no condomínio. “Elas já plantaram uma horta de tomates onde cada criança é responsável por cada planta. Quando deu frutos, elas mesmas fizeram a colheita e passaram em todos os apartamentos oferecendo o resultado da produção. Essa união acabou refletindo na maneira como todos convivem no condomínio, fazemos mutirões de limpeza e nossas assembleias parecem festas”, finaliza.