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Segurança começa no salão de festas

Segurança começa no salão de festas

Convivência entre moradores promove laços de amizades e proteção

A afirmação é do especialista em segurança condominial, engenheiro civil André de Pauli, ao defender a convivência entre moradores como um fator positivo no segmento. Ele aborda o tema no livro Segurança para Gestores de Condomínios, recém-lançado em São Paulo. Para o engenheiro, os salões de festas ou auditórios em condomínios residenciais, empresariais e comerciais oferecem excelentes oportunidades para conquistar a integração, formar laços de amizade e elos de proteção. “O investimento é praticamente nulo, cada qual trazendo o que tem de melhor no desafio da gastronomia”, diz.

Ele cita alguns conceitos que mostram a importância da integração e que podem evitar conflitos internos nos condomínios: “Dos amigos se tolera tudo e se acolhe. Dos conhecidos, cumpra-se o que determina a lei”. Portanto, é preciso fazer com que os moradores se conheçam, se tornem amigos e que se afaste o paradigma de isolamento, tão comum nos dias de hoje. “As pessoas sabem a roupa e o sapato que os vizinhos estão usando, mas não conhecem sequer seus nomes”, destaca afirmando que o salão de festas foi feito para os condôminos comemorarem, sem moderação e sem celulares.

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André de Pauli, especialista em segurança condominial

Como sugestão aos síndicos e gestores, ele recomenda a realização de eventos temáticos e lúdicos para as diversas faixas etárias, que resultam em aprendizados dirigidos, de curta duração e de grande impacto. Por exemplo: exercícios simulados, com foco em identificar fraquezas e oportunidades de melhoria. “Eles trarão excelentes resultados se organizados de forma que moradores sejam atores, protagonistas dos testes e ao término da apresentação da análise dos exercícios, com dinâmicas de vídeo, promover um convite para que venham se congratular com um belo churrasco coletivo”, acrescenta.

Entre os exercícios que podem ser filmados e reproduzidos antes de uma confraternização, está a situação de “um morador que sai do prédio e deixa o portão aberto, o outro morador passa e não dá bola. Nesse meio tempo, o bandido, esperto, entra no condomínio. É uma brincadeira séria, onde as pessoas interagem e, ao mesmo tempo, presenciam a sua negligência e nunca mais vão repetir tal irresponsabilidade”, acredita.

André de Pauli aponta no livro que o conceito de segurança é muito mais amplo do que roubo e furto e que vai além da portaria. “Segurança é que garante a qualidade de vida dos moradores. E essa é a nova forma de pensar que estou oferecendo para o gestor para ele obter bons resultados”, ressalta, dando alguns exemplos: condomínios com clínicas médicas que produzem lixo hospitalar, se não cuidam vira crime ambiental; acidentes em piscinas; vazamento de gás; morador traficante; estrutura de prédio sem previsão de entrada de bombeiros, entre outros. Segundo ele, as ameaças costumam acontecer de dentro para fora.

Para tanto, ele recomenda ao síndico o uso de técnicas de endomarketing para identificar os fatores críticos de sucesso. Uma delas pode ser uma pesquisa com os condôminos com o objetivo, também, de trazer os moradores para o processo de decisão. A partir daí, traçar um plano de ação. O engenheiro lembra que se devem levar em conta as diferenças e necessidades de cada condomínio, por exemplo: em prédio de veraneio não pode faltar água, e em prédio residencial, onde a maioria dos moradores é idosa, não pode faltar energia nos elevadores.

UM POUCO DA HISTÓRIA

Os condomínios nasceram no início do século passado. O primeiro prédio foi construído em 1929, o Martinelli, com 30 andares, na cidade de São Paulo. Nos EUA, por volta de 1890. Mas o boom no Brasil aconteceu em 1960 e em 1970 apareceram os condomínios horizontais. A mudança das famílias de casas e sítios para apartamentos, na época, se deu por questões de status e não por causa da segurança, um dos motivos da escolha hoje em dia.

Nos últimos 60 anos, período que coincide com a alteração do padrão de residir em casas para morar em condomínios (nos escritórios também ocorreu esse fenômeno), houve uma significativa alteração nas famílias. Nos anos de 1960, eram famílias com mais de três filhos, todos dormiam em um mesmo quarto, compartilhavam roupas, brinquedos e toalhas. Nos anos 2000, famílias com até dois filhos, dormindo em quartos separados, cada qual com o que é seu: brinquedos eletrônicos cada vez mais individualizados e a distância. “Antigamente, as pessoas viviam na rua, sempre em grupo, os alunos faziam trabalho de classe, hoje mal olham um para a cara do outro. O individualismo nasceu nos prédios. Portanto, é tão importante a promoção de técnicas de convivência”.

“Há uma máxima que afirma que 75% das populações acessam condomínios ao menos uma vez ao mês, residindo, trabalhando, em consulta médica ou por outros motivos. E a tendência da humanidade é cada vez mais viver em condomínios e isolada, uma característica comum nos empreendimentos onde, apesar de estarem em um ambiente coletivo, as pessoas têm baixos interesses em comum, como a posse da fração do terreno e despesas. Em se tratando de segurança, fica fácil para quem quer atacar. Quanto mais isolada a vítima, mais fácil para o bandido”, alerta.

(Matéria originalmente publicada em 28/03/2018)

 

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