Crônica de uma síndica em apuros - Estacionamento

Crônica de uma síndica em apuros - Estacionamento

Nosso estacionamento é o orgulho do condomínio. Tivemos que fazer uma chamada de capital para deixá-lo assim, afinal foram tantas infiltrações, quebradeiras e consertos que estava um horror, sem falar na iluminação precária, parecia o cenário de filme de suspense.

Enfim, depois de muitas conversas, projetos e deliberações, os recursos vieram e o investimento foi feito. Hoje ele é claro, bem demarcado e a pintura epóxi ficou um espetáculo, dá para ouvir os pneus rangendo durante as manobras. E lá estava eu admirando o resultado de tanto empenho e me deparo com uma cena no mínimo inusitada. O senhor Paulo Ramos estava estacionando sua caminhonete e deixando quase metade dela pra fora da vaga, pois havia um sedan que estava estacionado atravessado ocupando três vagas.

Nisso sai do elevador uma senhora que eu não conhecia. Ela veio caminhando rápido em nossa direção e foi logo se desculpando e dizendo que já estava saindo.

- Não senhora, agora vai ficar aí – Falou cheio de autoridade o senhor Paulo Ramos – quem manda largar o carro aí na vaga dos outros e ainda atravessado.

- Eu vim só trazer o meu neto que mora aqui e ele estava passando mal. Por isso deixei assim, ou ele ia vomitar aqui mesmo.

- É a terceira vez que vejo esse carro parado aqui desse jeito – Erguendo mais a voz, Paulo foi ficando mais nervoso.

Nesse momento aponta outro carro na rampa e é impedido de passar pela confusão. Era o Renan, no seu fusca 67, azul bebê, um xodó que ele só tira da garagem muito raramente. Meteu a mão na buzina aguda do Volkswagen e botou a cabeça pra fora:

- Compraram a garagem toda agora?

Os outros já responderam palavras impublicáveis e o espetáculo deprimente de acusações, deboches e ironias acabou durando até eu dar uns gritos.

- Chega! Somos vizinhos, somos adultos e somos educados – falei enquanto cada um se recolhia na sua própria vergonha. Cada um é dono de sua própria razão, mas é hora de ceder e compreender, pois desse jeito não tem tinta epóxi suficiente pra dar brilho nas nossas relações.
No final da história o senhor Paulo estava falando da sua vontade de ter um fusca original como aquele. O Renan falou que vendia pra ele se ele quisesse, pois estava se mudando pra fora do país, e a senhora pivô da confusão bem atrevidamente falou que ia querer comissão. Todos riram esquecendo-se da pequena confusão, até que mais um carro apareceu na rampa sendo impedido de passar por causa da “reunião dos novos amigos”:

- O que está acontecendo aqui? Gritou, buzinou e a confusão recomeçou.

Martinha Silva é graduada em Administração, especialista em Gestão de Pessoas, gestora condominial em Itajaí e escritora.

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