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Empresários visitam feira de condomínios em Portugal

Luiz de Prado (Espanha), Pedro Carsalade (Abadi) e Pedro Wähmman (Secovi Rio), Fernando Portugal Cruz, (APEGAC) com Everton Pitz, Rodrigo Machado e Angela Dal Molin, no Painel Internacional sobre administração de condomínios, na Condexpo. Luiz de Prado (Espanha), Pedro Carsalade (Abadi) e Pedro Wähmman (Secovi Rio), Fernando Portugal Cruz, (APEGAC) com Everton Pitz, Rodrigo Machado e Angela Dal Molin, no Painel Internacional sobre administração de condomínios, na Condexpo.


Representantes do setor de condomínios de Santa Catarina participam da CONDEXPO, realizada em Lisboa.

Em Portugal, 40% da população moram em edifícios. Mais de 4milhões de pessoas optam por esse tipo de habitação no país, principalmente na capital Lisboa, que conta com 96.614 condomínios. Anualmente, o setor movimenta um volume direto de negócios de 453 milhões de euros e gera 6.000 postos de trabalho. Porém, se forem consideradas as atividades que prestam serviços à gestão e administração de condomínios, o volume de negócios pode chegar a 1 milhão de euros anuais e mobilizar mais de 50.000 postos de trabalho.

Para conhecer essa realidade de perto e a singularidade na gestão de condomínios entre os dois países, a diretora do Jornal dos Condomínios, Ângela Dal Molin, e um grupo de empresários catarinenses participaram da CONDEXPO, feira de condomínios realizada de 7 a 9 de abril, no Centro de Congressos de Lisboa, em Portugal.

Segundo Ângela, a gestão de condomínios em Portugal é bastante diferenciada, se comparada à do Brasil. “Foi possível perceber que, aqui, a responsabilidade dos gestores é maior porque a legislação é extensa, exige mais conhecimento e há implicações jurídicas mais rígidas”. No entanto, tanto lá como no Brasil, as questões de relacionamento entre os moradores são semelhantes. “Durante os debates, um problema comum e apontado por todos é justamente este: mediar as discussões envolvendo moradores e o cumprimento das regras de cada condomínio. O gerenciamento de conflitos é um grande desafio em qualquer lugar do mundo”, aponta.

Sem síndico

Rodrigo Machado, diretor da Exato Administradora de Condomínios, em Florianópolis, diz que há muitas singularidades entre os dois países. “Em Portugal existe a autogestão e a gestão feita por empresas administradoras, porém não há a figura do síndico como representante legal. Muito diferente do previsto em nossa legislação”, diz.

Para a manutenção dos edifícios, a cobrança da taxa de condomínio é calculada de acordo com a fração ideal, como no Brasil. Mas em relação às assembleias, há vários diferenciais, explica Rodrigo: “Elas são convocadas mediante a demanda, porém necessitam de um quórum mínimo para ocorrer e se este não for atingido, a cada 10 dias é convocada uma nova assembleia até que se consiga reunir o número suficiente de moradores”, explica.

Segundo Rodrigo, há alguns problemas semelhantes entre os dois países, porém o Brasil está muito à frente na questão de organização e profissionalismo. “Apesar de algumas falhas, nossa legislação determina como a administração condominial deve ser. Nosso sistema de gestão e prestação dessa responsabilidade é muito superior ao dos países europeus”, enfatiza.

Administradoras

Renato Koprowski é síndico e diretor da Administradora Alphacond, de Balneário Camboriú, e concorda que existem diferenças na legislação. Em Portugal não há regulamentação legal para a aprovação de determinados assuntos, e essa situação possibilita aos condôminos ingressar em juízo visando à impugnação das decisões tomadas em assembleia. “Em condomínio problemas sempre existem, mas acredito que a complexidade é maior quando se pensa em resolver determinadas situações e não há legislação específica que regule a matéria”, argumenta Renato.

Ele explica ainda que em condomínios de pequeno porte, mais antigos e sem áreas sociais, é comum o sistema de autogestão, ou seja, a administração é feita pelos próprios condôminos que, entre si, indicam um deles para ser o gestor. “O condômino apenas toma as iniciativas de gerir o edifício, porém não tem qualquer responsabilidade legal sobre os seus atos, o que gera uma incerteza jurídica enorme”, diz. Nesses casos, em que não existe a intervenção de uma administradora, a cobrança da taxa é feita “de porta em porta, e os valores são depositados em uma conta, normalmente em nome desse condômino”, complementa Renato.

Entretanto, quando a gestão é feita através de uma administradora ela se torna muito parecida com a que é praticada no Brasil. “As contas são prestadas anualmente em uma assembleia ordinária. Há previsão orçamentária aprovada pelos condôminos, são produzidos livros-caixa e balancetes”, explica.

Everton Pitz, diretor da SCond, sistemas de gestão para condomínios, conta que as diferenças de contexto são perceptíveis principalmente na questão da segurança. “Portugal tem um baixo índice de criminalidade e o uso de equipamentos de segurança não é muito recorrente em condomínios. É comum os edifícios possuírem apenas um controle de acesso como interfone, por exemplo”. Em relação às taxas de condomínios ele explica que, em média, os valores giram em torno de 40 euros por unidade.


Condexpo

A Condexpo– Salão Nacional de Soluções para Condomínios – aconteceu entre os dias 7 e 9 de Abril em Lisboa e foi o primeiro grande evento da área de condomínios em Portugal.

Luis Branco, diretor da Condexpo explica que o objetivo da feira é o de suprir a necessidade de um mercado que, apesar de movimentar milhões de euros, ainda não possuía um evento que agrupasse o setor reunindo as empresas prestadoras de serviço e de produtos para condomínios no país. “A meta é que os condomínios se tornem cada vez profissionais, já que em Portugal, cerca de 60 % dos imóveis ainda são administrados pelos próprios proprietários”.

Outro grande desafio no país é a regulamentação do setor, como explica o presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Administração de Condomínios, Fernando Cruz: “Hoje, cerca de 50% dos países da União Europeia já possuem regulamentação para o setor de condomínios. A intenção de Portugal é esta: a de buscar regras que exijam uma qualificação mínima para que as empresas possam atuar nesse mercado”.