Crônica de uma síndica em apuros - Chamada na madrugada

Crônica de uma síndica em apuros - Chamada na madrugada

Sabe aqueles dias em que ao abrir os olhos de manhã você sabe que nada vai prestar? Naquele dia eu abri os olhos às 05:45h da madrugada, o telefone chamava insistente. Desde que fui eleita síndica tomei a equivocada decisão de me colocar à disposição a qualquer horário e agora é tarde para alterar esse “costume”.

Enfim, depois do meu “alô” sonolento (já não me assustava mais com as ligações no meio da noite), uma voz extremamente raivosa saiu pelo fone:

- Não tem água. Estou saindo de viagem e não tem água, como eu vou tomar banho? – falou debochada aquela voz que eu não conseguia me lembrar de quem seria.

Mesmo depois de tantos meses como síndica, ainda me impressionava o fato das pessoas dispensarem a educação para falar comigo. Não existia um “bom dia”, um “como vai” e muitas vezes as pessoas não se identificavam. Simplesmente achavam que eu deveria conhecer todos os moradores do condomínio, e olha que são 120 unidades.

Outro arrependimento que me bateu naquela hora, foi ter trocado a portaria humana pela remota. Pelo menos quando tinha um porteiro, era ele quem recebia as queixas.As reais e as infundadas.

- Bom dia! Qual é o seu bloco e apartamento? – tentei manter a calma.

- Sou a Benedita do 504 bloco B – disse ela impaciente – e já vou avisando que se eu perder o ônibus da minha excursão eu vou processar o condomínio.

- Já vou verificar e lhe dou retorno Dona Benedita – a mesma que no dia anterior recebeu queixas por causa de crianças fazendo baderna no elevador, tive que me esforçar para ser educada – agradeço por avisar.

Eu também sou do bloco B, então a primeira coisa que fiz foi confirmar a falta de água. Abri a torneira do banheiro, água. Abri a torneira na cozinha, água. Abri o chuveiro, água. Tudo normal.

Liguei para o zelador e relatei, pedi que viesse ao condomínio para verificar. Não sei se foi por preguiça ou por experiência, ele me disse que não “carecia” ir até o condomínio, era só abrir o registro do apartamento dela, pois provavelmente ontem os sobrinhos dela que a estavam visitando, devem ter fechado, “eles fizeram muita zoada no prédio” disse ele indignado.

- São uns pestes Dona Maria – completou ele.

Jurandir tinha razão. O registro estava fechado. Resolvemos tudo e ela conseguiu chegar a tempo para sua excursão, e é lógico que nem se deu ao trabalho de se desculpar ou agradecer.

Quando finalmente me sentei para tomar meu café da manhã, o interfone toca novamente:

- Sou do 502 do bloco B e quero registrar uma reclamação. Fui acordado antes das 6h da manhã por pessoas conversando alteradas no hall do meu andar. Acho isso um absurdo, hoje é o meu primeiro dia de férias e não admito não ter paz nem dentro do meu apartamento.

Eu só respirei e tentei lembrar de como era a vida antes de ser síndica!

Martinha Silva é graduada em Administração, especialista em Gestão de Pessoas, gestora condominial em Itajaí e escritora.

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